“O Itaú tem a operação na mão.”
Foi assim que analistas receberam o resultado do primeiro tri do Itaú Unibanco – uma combinação de números consistentes e de alta qualidade.
“O Itaú virou um reloginho de previsibilidade e qualidade na entrega. Chega a ser monótono,” diz um analista cuja gestora tem ações do banco na carteira (e só vê virtudes na monotonia).
O lucro subiu 15,8% em relação ao mesmo período de 2023 e chegou a R$ 9,8 bilhões, dentro do esperado pelo mercado.
O ROE saiu de 20,7% há um ano para 21,9% neste tri. O retorno foi entregue com um índice de capital de 14,5%, acima do nível de 11,5% que o banco persegue. Segundo um executivo do Itaú, o ROE teria sido de 24,1% se o índice estivesse em 11,5%.
“Claramente geramos mais capital do que conseguimos usar. Se isso for mantido, pode significar mais dividendos no fim do ano,” diz esse executivo.
Ajudou o resultado do primeiro trimestre a margem financeira com clientes, que cresceu 7,4% na comparação anual. Excluindo a operação da Argentina da base, que foi vendida em agosto de 2023, a expansão seria de 9,4%. O guidance para o ano prevê um aumento de 4,5% a 7,5% da margem com clientes.
Já a carteira de crédito cresceu 2,8% frente ao primeiro tri de 2023, abaixo do guidance, que projeta uma alta entre 6,5% e 9,5%. “Isso era esperado porque ainda estamos no processo de redução de risco da carteira,” diz esse executivo do Itaú.
“Mas estamos confiantes o suficiente para reafirmar o guidance para o ano e dizer que esse processo está perto do fim. Deve durar mais um trimestre, talvez até setembro.”
A inadimplência caiu para 2,7%, o menor patamar em dois anos, e as provisões diminuíram.
As receitas de serviços e seguros cresceram 5,8% em relação ao mesmo período de 2023, puxadas pelos segmentos de cartões, assessoria financeira, corretagem, seguros e administração de fundos.
Já as receitas com conta corrente voltaram a cair, 5,8%. Ainda assim, somaram R$ 1,6 bilhão no trimestre, um valor expressivo considerando a maior concorrência e a quantidade de contas gratuitas disponíveis no mercado.
As despesas administrativas e de pessoal aumentaram acima da inflação – 5,3% e 10,3%, respectivamente (parte do custo de pessoal se deve a um acordo coletivo de trabalho).
Apesar disso, o índice de eficiência consolidado ficou em 38,3%, e o da operação brasileira, em 36,8% – os menores da série histórica. “Estamos investindo, e isso vai gerar receita no futuro,” disse o executivo.