A Kinea Investimentos está aportando R$ 300 milhões na Cobasi em troca de uma participação minoritária não revelada, posicionando a segunda maior varejista pet do Brasil para um plano agressivo de expansão, que envolve M&As e um IPO no futuro próximo. 

A Cobasi faturou R$ 1,5 bilhão ano passado e espera faturar R$ 2 bi este ano. O ‘valuation’ da rodada não foi revelado mas, para efeito de comparação, a Petz — que fatura praticamente o mesmo — vale R$ 8,7 bilhões na B3, ou 4 vezes a receita estimada para este ano.

A Cobasi tem 120 lojas, a maioria no Estado de São Paulo, e outras 11 em construção. A meta é abrir entre 30-40 lojas este ano e manter o ritmo em 2022. 

Apesar das comparações inevitáveis com a Petz, a proposta de varejo da Cobasi é um bicho diferente, com lojas divididas tematicamente e um sortimento que extrapola gatos e cachorros para incluir produtos de decoração, jardinagem e piscina.

O faturamento das lojas físicas da Cobasi tem aumentado 23% ao ano nos últimos 5 anos, e seu ecommerce cresce acima de três dígitos, com a totalidade das lojas oferecendo o ‘ship from store’ e o ‘clique e retire’. No primeiro trimestre deste ano, as vendas online cresceram 160%, e já representam 23% do total. 

Controlada pela família Nassar e dirigida por três irmãos, até agora a Cobasi cresceu com recursos próprios, sem nunca tomar dívida. 

Em meados do ano passado, a família se convenceu da necessidade de um sócio para acelerar o crescimento e preparar a companhia para o IPO. Apenas quatro fundos foram convidados a participar de um processo organizado, e a Kinea foi a vencedora. 

O chefe de private equity da Kinea, Cristiano Lauretti, ocupará um dos cinco assentos do conselho. 

“A digitalização já faz parte do nosso setor, mas a visita à loja ainda é muito forte,” João Nassar, o diretor de novos negócios da Cobasi, disse ao Brazil Journal. “É um passeio, um programa, o momento do dia que a pessoa vai espairecer. Temos certeza que essa experiência de compra não vai mudar — ela é complementar a esse mundo digitalizado.” 

Nassar disse que a Cobasi tem um ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) maior que a Petz, mas não quis abrir o número.

O capital aportado pela Kinea será usado principalmente na abertura de lojas e em aquisições já engatilhadas. 

“Há essa visão equivocada de que o mercado pet tem três players — Cobasi, Petz e Petlove — mas a verdade é que as pequenas lojas de bairro ainda têm participação muito relevante,” diz Lauretti, da Kinea. “Essa é uma das belezas do setor: ele é muito fragmentado. O potencial de crescimento está tanto na consolidação quanto no crescimento orgânico.” 

Este é o sétimo investimento do fundo 4 da Kinea, que levantou R$ 1,5 bilhão em 2018. Com a Cobasi, o fundo está 75% investido.

“A Cobasi está pronta para o IPO e o setor é muito atraente para o investidor estrangeiro, mas os IPOs que tem saído não tem atraído esse investidor,” disse Lauretti. “Então, um ativo premium como a Cobasi vir a mercado num momento como esse, com o estrangeiro de nariz torto com o Brasil, não faz sentido.  Vamos esperar um momento melhor.”  

A Cobasi foi fundada em 1985 depois que Rames Nassar vendeu a rede de supermercados Bazar 13 para o Grupo Pão de Açúcar e abriu uma pequena casa agrícola que vendia de galinhas e porcos a arame farpado. Quando Paulo Nassar, um dos filhos de Rames e hoje o CEO da empresa, foi estudar em Berkeley, conheceu o modelo da Petsmart — então recém-fundada — e decidiu adaptá-lo ao Brasil.

O Banco BR Partners assessorou a Cobasi, que teve aconselhamento jurídico do Pinheiro Neto.

O Kinea teve assessoria jurídica do Lefosse Advogados.