A Kering — a dona da Gucci, Yves Saint Laurent e Balenciaga — está vendendo o seu negócio de beleza para a L’Oréal por € 4 bilhões, a empresa anunciou ontem.
O deal, que inclui a produtora de perfumes Creed, também estabelece uma aliança estratégica entre as gigantes francesas: a Kering irá licenciar as suas marcas para que a L’Oréal desenvolva e distribua fragrâncias e outros cosméticos por 50 anos.
A ação da Kering sobe 4% em Paris para € 322, enquanto o papel da L’Oréal sobe 0,5% para € 392,60.
O acordo é a primeira tentativa do recém-chegado CEO da Kering, Luca de Meo, de recuperar as finanças da empresa controlada pela família Pinault.
Além das vendas em baixa, afetadas pelo declínio do consumo chinês e pelas tarifas do Governo Trump, a Kering também sofre com um nível de endividamento elevado — a dívida líquida alcançou os € 10 bilhões no segundo tri.
O fraco momento operacional da Kering culminou na saída de François-Henri Pinault — o filho do fundador, François Pinault — do posto de CEO.
Ao assumir a cadeira no mês passado, De Meo, que era CEO da Renault, disse que uma de suas prioridades seria reduzir a dívida e os custos da empresa.
Agora, o executivo reverte a tentativa da Kering de expandir e controlar diretamente o seu setor de beleza e retoma o modelo de licenciamento e royalties.
A L’Oréal já detinha, inclusive, a licença da marca Yves Saint Laurent, a segunda maior da Kering atrás da Gucci.
O acordo representa “uma mudança estratégica significativa em termos das ambições da Kering no segmento de beleza”, Piral Dadhania, um analista da RBC Capital Markets, disse à Bloomberg. “Um retorno ao licenciamento exigirá menos capital, menos alavancagem operacional e, possivelmente, margens maiores, ainda que estes números sejam divididos com a empresa licenciada.”
O acordo deve ser concluído no primeiro semestre do ano que vem.
A Kering vale € 40 bilhões na Bolsa. A L’Oréal vale € 211 bilhões.