A Kanastra — uma startup que fornece serviços de backoffice para fundos e produtos securitizados — acaba de levantar R$ 110 milhões, ganhando poder de fogo para crescer num mercado de mais de R$ 1 trilhão dominado por players tradicionais como a BRL e a Oliveira Trust.
A captação foi liderada pela Kaszek Ventures e teve a participação do fundo Atlantico, além de todos os investidores anteriores do cap table, incluindo a Valor Capital, QED e a Quona.
A rodada Série A é a segunda da história da Kanastra, fundada em janeiro de 2022 por Gustavo Mapeli – que teve passagens pelo BNP Paribas em Londres, pelo BCG e pelo Softbank – e por Manuel Netto, que trabalhou na ZX Ventures.
Desde a última rodada, em junho do ano passado, a startup consumiu metade dos R$ 62 milhões que levantou.
Agora, tinha dois caminhos possíveis.
“Poderíamos começar a gerar caixa, mas para isso teríamos que desacelerar muito o crescimento. A outra opção era captar mais dinheiro e continuar crescendo,” Mapeli disse ao Brazil Journal. “Escolhemos o segundo caminho porque achamos que estamos num momento-chave da indústria para construir a solução vencedora, e porque ainda vemos uma taxa de retorno alta no crescimento orgânico.”
No ano passado, a Kanastra cresceu sua receita 11x e seus ativos, 13x, chegando a cerca de R$ 7 bilhões em ativos sob custódia e administração.
A startup não abre a receita, mas ela é uma comissão de 0,1% a 0,5% sobre a base de ativos — ou seja, algo entre R$ 7 milhões e R$ 35 milhões por ano.
Segundo Mapeli, a meta é triplicar tanto receita quanto ativos nos próximos 12 meses.
O empreendedor disse que o principal uso dos recursos da rodada será em tecnologia, com a ampliação do time e a construção de novos sistemas.
“Criar toda a jornada automatizada e digitalizar todos os processos desse mercado é algo bem complexo,” disse ele. “A infraestrutura financeira demanda anos de investimento para ser construída. São micro coisas, features em cima de features, que você tem que fazer constantemente.”
Outro plano é fazer novos M&As. No mês passado, a Kanastra fez sua primeira aquisição, comprando a Limine, uma empresa de administração e custódia de FIDCs. A ideia é buscar novas transações que complementem o portfólio de produtos da companhia ou aumentem sua carteira de clientes.
A startup hoje opera em três verticais. A primeira é a de serviços para fundos, na qual ela faz a gestão, administração e custódia, especialmente de FIDCs.
A segunda é a de securitização: basicamente, a emissão, gestão, custódia e administração de produtos securitizados, como CRIs, CRAs, LCAs e LCIs.
A empresa oferece ainda serviços bancários para os fundos e os produtos securitizados, como uma escrow account, conta pagamento, emissão de CCBs, boletos e Pix.
Segundo Mapeli, a Kanastra ainda pode criar diversas verticais neste mercado, “mas estamos satisfeitos com o tamanho da solução hoje.”
“O nome do jogo nos próximos 12 a 24 meses não será lançar novos produtos, mas escalar com qualidade,” disse Mapeli. “Nessa indústria, muita gente começou bem, mas quando escalou, a solução piorou muito. Queremos garantir que escalamos com qualidade. Com R$ 100 bi em ativos queremos ter a mesma qualidade que temos hoje com R$ 7 bi.”
A Kanastra está tentando ganhar share num mercado gigantesco. A estimativa é que o AUC total dos fundos estruturados e produtos securitizados no Brasil some R$ 1,6 trilhão.
Os maiores players desse mercado são a BRL Trust, que tem R$ 400 bilhões em AUC mas é muito concentrada em FIPs de private equity, e a Oliveira Trust, que tem R$ 120 bilhões em AUC em crédito privado, FIDCs e securitização.