O JP Morgan acaba de rebaixar a Braskem de ‘compra’ para ‘neutro’ — argumentando que, depois da ação ter subido quase 17% no último mês, o valuation ficou caro demais.

A analista Milene Clifford diz que, nas conversas com investidores sobre o setor de petroquímica, a maior dúvida é como os spreads para o polietileno (PE) e polipropileno (PP) vão se comportar e em que parte do ciclo estamos. 

Basicamente, o spread é a diferença entre o preço a que a resina é vendida e o custo da matéria-prima.

“Para essa pergunta respondíamos que vemos uma normalização dos spreads, sugerindo um ciclo de baixa para 2023 e 2024, e uma recuperação a partir de 2025. Ao mesmo tempo, argumentamos que os valuations descontados suportavam nossa recomendação para o setor,” escreveu a analista. 

“No entanto, desde nossa última revisão, vimos a Braskem quase chegar no nosso valor justo, enquanto os spreads enfraqueceram.”

O banco disse que revisou suas estimativas para a Braskem com base em novas projeções da IHS, uma consultoria do setor, e em novas estimativas macroeconômicas. 

Agora, o JP espera uma queda nos preços do PE e PP — as duas principais commodities produzidas pela Braskem — no segundo trimestre, com uma estabilização ao longo do segundo semestre. 

“A IHS também revisou suas estimativas para 2024, impactando nos nossos números para a Braskem,” escreveu a analista. 

O banco reduziu seu preço-alvo de R$ 30 para R$ 28,50, próximo do valor que a ação negocia hoje (R$ 28,18). Nas contas do JP, a Braskem negocia a um EV/EBITDA de 11,9x para este ano, em comparação a uma média de 4,9x de peers globais. 

No relatório, o JP também reconheceu que um potencial M&A — que tem avançado nos últimos meses com a proposta da Unipar — pode implicar no direito de tag along para os acionistas minoritários.

Isso, no entanto, “não está incluso nos nossos fundamentos.”