O JP Morgan iniciou hoje a cobertura de Smart Fit com recomendação de ‘compra’ e um preço alvo de R$ 31, um potencial de alta de 30%.

O banco acha que a empresa, mesmo já tendo quase 1.500 academias na América Latina, pode mais do que dobrar o seu tamanho na região até 2034, especialmente no formato high value/low price.

Os analistas Joseph Giordano, Guilherme Vilela e Nicolas Larrain dizem que, apesar do crescimento acelerado nos últimos anos e de ser a líder disparada na América Latina, a empresa tem menos de 13% de market share na região.

Joga a favor da rede de academias fundada por Edgard Corona, segundo o banco, a maior conscientização sobre saúde; o envelhecimento da população; e a baixa penetração do mercado (apenas 4% das pessoas na América Latina estão matriculadas em academias, ante 15% nos países desenvolvidos).

Para o banco, a Smart Fit tem espaço para inaugurar mais 500 unidades no Brasil (atualmente são 680) e outras 560 no México (hoje são 320) – seus dois principais mercados.

O JP Morgan estima que, com essa expansão, a Smart Fit está posicionada para continuar sendo uma das empresas do varejo com o crescimento mais rápido (18% de CAGR nos próximos cinco anos), o que deve gerar um crescimento de 21% no EBITDA ajustado e de 26% no lucro por ação.

A Smart Fit negocia a um P/L de 24x para 2024 e 16x para 2025 – em linha com os pares globais e com um prêmio de 50% em relação ao varejo na América Latina.

Ainda assim, os analistas notam que o PEG Ratio (a divisão do P/L pelo crescimento do lucro por ação) está em 0,7x, abaixo das principais concorrentes – que estão negociando a 1,5x.

Na avaliação do JP Morgan, a Smart Fit deveria negociar a 21x o lucro estimado para 2025, o que implicaria um PEG Ratio de 0,8x – e, ainda assim, ficaria abaixo das operadoras globais de academias.

A tese tem riscos. A expansão acelerada pode gerar, por exemplo, uma canibalização dos clientes.

O banco diz que uma academia madura tem cerca de 3,2 mil alunos no Brasil – resultando em um ROIC de 22% em 10 anos e uma TIR de 20%. Se esse número cair para 2,8 mil, o ROIC e a TIR seriam reduzidos para 13% e 14%, respectivamente.

A rotatividade também é um ponto a ser observado. Hoje, a Smart Fit tem uma rotatividade entre 6,5% e 7% ao mês – chegando a 80% no ano. Ou seja, de cada 100 alunos, apenas 20 permanecem como alunos após um ano.

“Nesse contexto, as unidades maduras sem capacidade de compensar a rotatividade podem ter retornos mais baixos,” escreveram os analistas.

O crescimento de serviços como o Gympass (que vai mudar seu nome para Wellhub em maio) em áreas de bem estar, como meditação e terapia, também pode tirar alunos da Smart Fit.

Além disso, concorrentes capitalizadas como a Blue Fit, que tem o modelo de negócios bem similar ao da Smart Fit, também podem atrapalhar a velocidade da expansão.

A ação da Smart Fit sobe 64% nos últimos 12 meses. A empresa vale R$ 14 bilhões na B3.