Os sites de notícias e empresas de jornalismo se queixam há anos de que o Google fatura bilhões com o suor do seu trabalho sem pagar nada por isso.

Agora, o Google diz que as notícias são praticamente insignificantes em seus lucros, como mostra um “experimento” realizado pela própria Big Tech em países da União Europeia.

Em sua queda-de-braço com os reguladores europeus, o Google disse que vários relatórios apresentados pelas autoridades superestimaram a relevância do conteúdo jornalístico nos lucros obtidos pelo negócio de busca da companhia.

Por isso, no final do ano passado, o Google anunciou que faria um teste para averiguar a relevância dos sites de notícias para atrair tráfego.

Os resultados acabam de sair, e o conteúdo da imprensa europeia não mostrou impacto mensurável nos ganhos com publicidade, disse Paul Liu, o diretor de economia do Google, em um texto publicado no blog da empresa. As perdas em tráfego, afirmou, foram em buscas cuja “receita era mínima ou nula.”

Segundo o relato de Liu, houve apenas uma ínfima redução de 0,8% no uso dos usuários depois de o conteúdo noticioso ser omitido nos resultados de busca, no Google News e no feed do Discover – o serviço de notícias personalizadas. 

(No experimento, as pessoas continuaram a ver resultados de notícias produzidas por sites de países fora da UE.)

O teste, que durou dois meses e meio, envolveu 1% dos usuários em oito países da UE: Bélgica, Croácia, Dinamarca, Grécia, Itália, Países Baixos, Polônia e Espanha.

No texto do estudo, Liu escreveu que a retirada do conteúdo de sites europeus de notícias teve um impacto “que não pode ser diferenciado de zero.”

“Seja para achar uma florista, saber a previsão do tempo ou reservar um voo, as pessoas usam o Google por muitas razões,” escreveu Liu. “O estudo mostrou que as pessoas continuam usando o Google para muitas outras tarefas mesmo quando ele é menos útil para notícias.”

A empresa informou que o resultado não afetará o acordo assinado por ela para se adequar às regras da European Copyright Directive. O Google teve que assinar acordos de remuneração de conteúdo com 4.000 publicações da UE.

Mas os europeus querem que a empresa pague também pelos snippets, os resumos que aparecem na tela após uma pesquisa.

Segundo o TechCrunch, o Google está sob investigações antitruste na França e na Alemanha – e por isso não teria incluído esses países no tal “experimento.”

A empresa já fez testes semelhantes no Canadá, Austrália e Califórnia – sempre como maneira de pressionar as autoridades em suas negociações por pagamento de conteúdo.

Recentemente, a Big Tech fechou uma negociação no Canadá e pagará US$ 100 milhões ao ano para as empresas jornalísticas. Na Califórnia, a empresa vai desembolsar US$ 250 milhões.

Uma nova lei da Austrália, que deve entrar em vigor neste ano, traz uma fórmula para que os produtores de conteúdo sejam remunerados. 

No Brasil, há projetos semelhantes em tramitação no Congresso.

Aqui, como em outros países, o Google mantém acordos voluntários para remuneração de algumas empresas de comunicação.