Joesley e Wesley Batista voltarão a integrar o conselho da JBS depois da assembleia de acionistas marcada para 26 de abril, a companhia disse num comunicado à CVM agora há pouco.
O retorno dos controladores ao conselho, depois de anos de controvérsia e processos judiciais, marca uma reviravolta na trajetória recente dos irmãos. Segundo a JBS, hoje eles não são mais réus em nenhum processo.
A JBS disse que está expandindo seu conselho de 9 para 11 membros para acomodar os dois controladores.
Mesmo depois do retorno dos irmãos, a maioria do conselho continuará independente (7-4). Hoje, os dois membros do conselho nomeados pelos controladores são o fundador da empresa, José Batista Sobrinho, o ‘Zé Mineiro,’ e Jeremiah ‘Jerry’ O’Callaghan, que começou na JBS há 28 anos e hoje é o chairman da companhia.
O retorno dos irmãos acontece oito anos depois do que ficou conhecido como ‘Joesley Day’ – uma série cinematográfica de eventos que incluiu a gravação do Presidente Michel Temer e derrubou o mercado financeiro – e dois meses depois de ambos voltarem ao conselho da Pilgrim’s Pride, a produtora de frangos sob jurisdição da SEC e listada na NYSE.
Wesley e Joesley Batista começaram na JBS aos 17 e 16 anos, respectivamente, e lideraram a modernização da companhia e sua transformação de um tímido frigorífico goiano na maior empresa de alimentos do mundo.
O anúncio de hoje veio junto de um quarto trimestre fraco reportado pela JBS, com uma queda expressiva no lucro líquido, num momento em que o ciclo bovino continua jogando contra a empresa.
A JBS entregou um bottom line de R$ 83 milhões no trimestre, bem abaixo das projeções do sellside e uma queda de 96% na comparação anual. O consenso dos analistas era de um lucro de R$ 997 milhões.
O CFO Guilherme Cavalcanti disse ao Brazil Journal que o lucro líquido é uma conta difícil dos analistas projetarem “porque tem muito efeito não recorrente.”
“Esses R$ 900 milhões de diferença para o consenso parece muito, mas se você olhar o tamanho da JBS é algo que está dentro da margem,” disse ele.
Um efeito não-recorrente impactou o lucro do trimestre: a companhia teve que pagar cerca de R$ 300 milhões de acordos antitruste para resolver processos que tinha na Justiça. “Eram class actions que a gente olhava e via que íamos gastar mais se continuássemos com o processo do que se fizéssemos um acordo.”
O EBITDA também veio um pouco abaixo das projeções: o mercado esperava R$ 5,4 bi; a JBS entregou R$ 5,1 bi.
Os únicos ‘beats’ foram na receita — com a JBS fazendo uma receita líquida de R$ 96,3 bilhões no tri, em comparação aos R$ 92,2 bi do consenso — e na geração de caixa livre, que veio em R$ 4,3 bilhões, um crescimento de 6x ano contra ano e 26% acima da projeção dos analistas.
O CFO disse que a melhora na geração de caixa – uma das grandes promessas da empresa no ano passado – foi o destaque do trimestre. “Fizemos várias melhorias operacionais nos nossos negócios e liberamos capital de giro com foco na geração de caixa,” disse ele.
A margem EBITDA da Austrália, da Pilgrim’s Pride e do negócio de porco já vieram acima ou perto de dois dígitos no trimestre: 10,3% na Austrália, 9,3% no porco e 9,8% na PPC.
Neste início de ano, o CFO disse que todos os segmentos da companhia estão melhorando, com exceção do JBS Beef North America, que só deve ver uma melhora consistente em 2026, segundo ele.
“Além disso, já começamos o processo de desalavancagem, que deve continuar ao longo deste ano,” disse o CFO.
No quarto tri, a alavancagem da JBS fechou em 4,4x EBITDA, em comparação aos 4,8x do terceiro tri.