A Warburg Pincus está comprando o controle da VOLL, uma empresa de gestão de viagens corporativas que até agora pertencia à Localiza.
A gestora de private equity está investindo US$ 129 milhões no total, cerca de R$ 700 milhões no câmbio de hoje.
Boa parte deste montante, R$ 382 milhões, é uma secundária para dar saída integral à Localiza, que tinha 64,4% do capital da empresa. O restante é uma injeção primária de recursos e uma pequena secundária para os cinco fundadores.
Na parcela secundária da Localiza, a VOLL foi avaliada a um enterprise value de R$ 606 milhões e num equity value de R$ 594 milhões. O valuation post-money é significativamente maior, já que considera a primária, cujo valor exato não foi revelado.
A transação vem três anos e meio depois da Localiza ter comprado a VOLL, que foi fundada em 2017 em Belo Horizonte. Em 2020, a startup havia feito uma rodada liderada pela Wayra, o corporate venture capital da Vivo, mas na venda para a Localiza a Wayra já tinha feito sua saída.

A VOLL atende cerca de 400 clientes hoje, incluindo nomes como Itaú, Nubank, XP, CPFL e a própria Localiza. Hoje, mais de 95% da base de clientes é de empresas que compram mais de R$ 5 milhões por ano em viagens corporativas.
A companhia deve fazer um GMV de R$ 2 bilhões este ano, num mercado que movimenta cerca de R$ 100 bilhões/ano.
“Mesmo fora do Brasil, o mercado de gestão de viagens corporativas ainda usa muita tecnologia legado e tem muita intervenção humana,” Bruno Maimone, o head da Warburg Pincus no Brasil, disse ao Brazil Journal. “Tem muito espaço para melhoria do serviço via automação e inteligência artificial.”
O gestor disse que começou a acompanhar a VOLL há dois anos, mas que na época ela era muito pequena para os padrões de investimento do Warburg Pincus. “Mas eles já tinham um ótimo nível de automação, atendiam clientes grandes e tinham uma ótima proposta de valor,” disse ele. “Eles têm dobrado de tamanho todo ano e agora foi o momento certo para fazermos a transação.”
Segundo Bruno, apesar de já ter um bom nível de automação, a VOLL agora está começando a usar AI para melhorar a experiência dos clientes e aumentar a eficiência da operação.
“Este é um low-hanging fruit e boa parte dos recursos da primária vai ser usado para investir mais em AI.”
A VOLL opera num mercado fragmentado onde os maiores players são agências tradicionais como a multinacional BCD Travel, a Flytour e a Copastur.
Luciano Brandão, o cofundador da VOLL, disse que essas agências têm um modelo com poucas automações, em que os clientes entram na ferramenta “mais para gerar um workflow de solicitação do que para fazer a reserva do pedido. É um processo pesado e pouco transparente.”
No app da VOLL, “o usuário vai ter uma experiência muito similar a que tem no Booking para as viagens de lazer. É uma experiência de autoserviço, mas com governança,” disse o fundador.
O gestor da viagem pode definir diversas regras para as reservas na VOLL. Ele pode, por exemplo, permitir que o C-Level da empresa faça reservas em classe executiva e os gerentes apenas em econômica, e pode estipular um valor máximo para cada nível de funcionário na reserva da hospedagem.
Caso o usuário precise mudar a data do voo ou estender a hospedagem no hotel, a VOLL permite que ele faça isso direto no aplicativo, sem precisar de um atendente.
Com o investimento primário, a VOLL vai investir em duas frentes. A primeira é um marketplace de agentes de AI, com foco em gerar valor para os clientes. Ela está criando diversos agentes que vão realizar tarefas diferentes.
Um deles, por exemplo, vai ficar retarifando as passagens aéreas, para ver se acha alguma tarifa mais barata, buscando economias para os clientes.
Outro agente de AI vai analisar os recibos dos consumos dos funcionários nas viagens e avaliar se eles estão dentro das regras da empresa. Se encontrar algo fora do padrão, o próprio agente vai interagir com o funcionário para entender o que acontenceu.
“Vamos ter vários agentes como esses disponíveis para os clientes ativarem quando quiserem,” disse Luciano.
A segunda frente é investir em AI para buscar ganhos de eficiência internos, tornando os processos de backoffice da startup mais eficientes e automatizados, reduzindo custos e turbinando sua margem.
A VOLL não abre sua receita, mas ela é um mix entre um take rate em cima do GMV de R$ 2 bilhões e uma taxa fixa pelo licenciamento da tecnologia.
Para o Warburg Pincus, este é seu primeiro investimento do ano no Brasil. O último aporte que a gestora americana havia feito no País foi na Contabilizei, em outubro do ano passado. Na época, ela investiu US$ 125 milhões na plataforma de serviços de contabilidade, tornando-se o maior acionista da companhia.











