A JHSF está criando uma gestora com foco em ativos imobiliários, um movimento que vai permitir à dona do Shopping Cidade Jardim e dos hotéis Fasano reciclar capital e ter acesso a funding mais barato.
A gestora vai começar com três fundos: um de shoppings e um residencial — ambos com foco em renda — e um de desenvolvimento, que vai financiar a construção de novos empreendimentos.
Inicialmente, a ideia é captar cerca de R$ 500 milhões com esses produtos, que serão distribuídos a clientes e investidores da empresa.
“No passado, já fizemos alguns fundos para dar ao investidor acesso a projetos nossos: um que co-investiu no desenvolvimento da Fazenda Boa Vista e outro para co-investir no aeroporto,” Thiago Alonso, o CEO da JHSF, disse ao Brazil Journal. “Mas nesses dois fundos não era a gente que fazia a gestão, e era uma escala bem menor.”
A ideia agora é que a JHSF faça a gestão dos três fundos, inaugurando uma nova fonte de receita para a empresa – as taxas de administração.
Para isso, a companhia criou a JHSF Capital — uma nova vertical que será comandada por Augusto Martins, um veterano do mercado financeiro que passou os últimos 23 anos no Banco Alfa, nas áreas de private banking, wealth management e corporate.
A JHSF Capital também contratou Paulo Gonçalves, o ex-CFO da Cyrela que até pouco tempo era o CEO da CashMe, a fintech do grupo.
Segundo Augusto, a ideia com o fundo de shoppings é comprar participações minoritárias nos ativos da própria JHSF — um portfólio premium que inclui o Shopping Cidade Jardim e o Catarina Fashion Outlet.
O potencial é relevante: os seis shoppings do grupo são avaliados hoje em cerca de R$ 4 bilhões, e a JHSF vê espaço para vender metade desse valor (sempre mantendo o controle dos ativos).
A ideia é usar os recursos que levantar com a venda dessas participações para financiar a construção de três novos shoppings: o da Faria Lima, um dentro do Complexo Boa Vista, e um no São Paulo Surf Land, um complexo residencial que a incorporadora está construindo.
Já o fundo imobiliário residencial pretende comprar 14 casas na Boa Vista que pertencem à JHSF e estão alugadas em contratos de longo prazo para clientes da empresa.
Finalmente, o fundo de desenvolvimento vai ajudar a financiar a construção de novos empreendimentos dentro do landbank de mais de 15 milhões de metros quadrados da companhia. Esse landbank tem potencial para mais de R$ 40 bilhões em valor geral de vendas (VGV), segundo o CEO.
A gestora de recursos é a principal iniciativa da JHSF Capital — mas não é a única.
A empresa de Zeco Auriemo também está lançando um programa de Membership que dará benefícios aos associados.
Um desses benefícios será um cartão de crédito American Express emitido pela JHSF Capital. O cartão vai gerar pontos de um programa de fidelidade, os JCOINS. Os usuários também acumularão JCOINS em qualquer transação imobiliária com a JHSF.
Os pontos poderão ser usados no ecossistema da JHSF, da hospedagem num Fasano até compras nos shoppings da empresa ou no abastecimento de um jatinho no Catarina.
A JHSF não está dando um guidance ao mercado de quanto essa vertical de serviços financeiros deve faturar, mas Augusto disse que a expectativa é que as receitas com taxas de administração e o interchange do cartão se tornem relevantes com o tempo.