O governo de Angola planeja realizar ainda este ano o IPO da Unitel, a maior empresa de telecomunicações do país.
A ideia do secretário das Finanças Ottoniel dos Santos é aproveitar o apetite dos estrangeiros por ativos de risco com o provável início dos cortes de juros nos EUA.
“Nosso foco está em encontrar um mecanismo para acelerar as privatizações dessas entidades através do mercado de ações,” disse Ottoniel na Rádio Nacional de Angola na quarta-feira, segundo a Bloomberg.
Além da Unitel, que detém 72% do mercado de telefonia móvel na Angola, Ottoniel também quer vender uma participação no Banco de Fomento da Angola, o segundo maior do país. A Unitel detém 51,9% do capital do banco.
O governo angolano estatizou a Unitel em 2022, após assumir o controle das ações da empresária Isabel dos Santos, envolvida no escândalo chamado de “Luanda Leaks”.
Isabel, que é filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos e já foi considerada a mulher mais rica da África, foi alvo de uma série de vazamentos de documentos que mostraram que a empresária estava envolvida em casos de fraudes, desvio de fundos públicos, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
A Oi também foi acionista da Unitel até 2020, mas vendeu a sua participação de 25% para a estatal de petróleo Sonangol por cerca de US$ 1 bilhão.
Desde 2019, o governo angolano vem apostando numa agenda de desestatizações com a criação do Propriv (Programa de Privatizações), o PPI deles.
No fim do ano passado, Ottoniel disse que o governo já havia arrecadado 1,2 bilhão de kwanzas (cerca de US$ 1,4 bilhão) com o programa, com a venda de ativos como as lojas do supermercado Poupa Lá e o complexo de grãos Silos de Catete.
Mas algumas das principais empresas de Angola, como a Sonangol e a companhia de diamantes Endiama, ainda não têm datas para a privatização – apesar das vendas estarem sendo prometidas pelo governo há quase cinco anos.
Mesmo com um crescimento esperado de 2,8% neste ano, Angola vive uma crise inflacionária, causada especialmente pela desvalorização do kwanza e também do aumento dos preços da gasolina, com o governo acabando com políticas de subsídio.
A inflação fechou o ano de 2023 em 20% e, segundo o FMI, deve subir para 25,6% neste ano. O governo, por sua vez, espera uma taxa de 15%.