O Itaú publicou um resultado em linha com o esperado pelo mercado – e um guidance que aponta para um aumento de lucro de cerca de 9% este ano, para R$ 45 bilhões.
“É um crescimento importante em cima de uma base já robusta, e num ano que será, no mínimo, desafiador,” disse o analista Thiago Batista, do UBS BB.
Como esperado em razão dos elevados índices de capital, o banco também anunciou uma distribuição adicional de resultados de R$ 18 bilhões: R$ 3 bi em recompras e cancelamentos de ações e R$ 15 bi em pagamento de dividendos e JCP.
O lucro recorrente no quarto tri foi de R$ 10,9 bilhões, 2% maior que o trimestre anterior e 15,8% maior que o do mesmo período de 2023. O número ficou em linha com o consenso.
No ano fechado, o lucro aumentou 18,2% para R$ 41,4 bilhões, e o banco dos Setubal, Villela e Moreira Salles bateu o guidance de 2024 em todas as linhas.
O ROE caiu de 22,7% no terceiro tri para 22,1% no quarto – mas ainda acima do patamar de 21,2% do mesmo período de 2023.
Esse indicador tende a aumentar nos próximos meses em razão da distribuição adicional de resultados, que reduzirá os índices de capital.
Ao todo, o banco vai distribuir R$ 28,7 bilhões em resultado adicional, 33,8% mais que o volume do ano anterior.
A carteira de crédito aumentou 6,3% frente ao terceiro tri e 15,5% na comparação anual. Excluída a variação cambial, a expansão foi de 10,2% ano a ano.
Ao mesmo tempo, a inadimplência acima de 90 dias caiu de 2,6% para 2,4% tri a tri. Considerando apenas a carteira Brasil, a redução foi de 2,9% para 2,6%.
A margem com clientes aumentou 3,7% na comparação trimestral e 8,3% frente ao mesmo período de 2023. O número ficou dentro do esperado pelo mercado, mas chamou a atenção que o Santander teve um crescimento maior nessa linha.
Já a margem com o mercado caiu 14,5% tri a tri em razão das perdas geradas pela alta da Selic.
Para 2025, o CEO Milton Maluhy espera um aumento mais conservador do total de crédito, entre 4,5% e 8,5%.
O guidance para a margem com clientes é mais agressivo: alta entre 7,5% e 11,5%. Em base comparável, excluindo os efeitos da resolução 4966, que altera as regras contábeis para instituições financeiras, o guidance seria de 7,2% a 11,2%.
Em 2024, o aumento foi de 7,1%.
“O Itaú entra nesse ciclo mais desafiador com um gap estrutural grande em relação aos demais incumbentes, com baixa inadimplência e diversificação de negócios,” disse um analista do sellside.
A resolução 4966 deve ter um impacto positivo para o capital do Itaú, segundo Batista. O impacto deve ser zero em provisões e positivo na marcação de títulos.