O fundo de corporate venture do Itaú Unibanco acaba de fazer um investimento minoritário na Monkey Exchange, uma plataforma que torna mais barato e menos burocrático para fornecedores de grandes empresas antecipar seus recebíveis.

O investimento é o primeiro de uma série, aproximando o banco de startups que suprem lacunas em sua oferta de produtos. (Da última vez que o Itaú fez isso, os resultados são bem conhecidos…)

11323 9efb2f5c 4a96 40b3 fa9d 7170790753abItaú Corporate Venture Capital, gerido pela Kinea, e o Quona — uma gestora americana de impacto que já investiu na Creditas, Contabilizei e Kovi no Brasil — injetaram US$ 6 milhões na startup fundada em 2016 por Gustavo Muller, um ex-sócio da XP, e Bruno Oliveira, que teve passagens pelo Buscapé e Telefônica.

A rodada Series A é a terceira da história da Monkey.

A primeira foi feita meses depois da fundação pelos empreendedores Marcelo Maisonnave e Pedro Englert. A segunda veio de outro grupo de investidores — que inclui João Carlos Zani, um executivo que fez carreira na área de mercado de capitais do Bradesco; Roberto Dagnoni, ex-head de inovação da B3; e a Parallax, uma gestora de VC brasileira.

A Monkey opera um marketplace que conecta PMEs a instituições financeiras e fundos interessados em comprar seus direitos creditórios.

Na prática, as grandes empresas que têm valores em aberto com os fornecedores  — os ‘sacados’, no jargão do setor — plugam-se à plataforma por meio de seus sistemas de ERP. Em seguida, a Monkey cadastra os fornecedores e os débitos que a empresa tem com cada um deles.

O processo de venda dos direitos creditórios é um leilão. Os financiadores — tipicamente bancos como o próprio Itaú — disputam os recebíveis, reduzindo as taxas cobradas pelo desconto. Segundo a companhia, as taxas são cerca de 50% menores.

No modelo tradicional, as instituições financeiras aprovam o crédito desse tipo de negócio pelo risco baixo do ‘sacado’, mas como a pequena empresa tem pouco acesso a um mercado de crédito mais líquido, os bancos têm todo o poder de barganha.

“O funding dos bancos para esse tipo de produto não é competitivo porque o fornecedor tem que negociar direto com a instituição”, Gustavo, o fundador, disse ao Brazil Journal. “Usando a nossa plataforma as taxas se tornam mais baratas, porque o banco quer ter aquele ativo no seu balanço e vai disputar.”

O terceiro sócio e CTO da Monkey é Felipe Adorno, que antes trabalhou na Netshoes.

Este é o primeiro investimento do fundo de corporate venture do Itaú, criado no ano passado com um capital de R$ 150 milhões e planos de fazer de 5 a 7 investimentos. 

Marcio Verri, o CEO da Kinea, disse que olhou diversas outras empresas nesse nicho de mercado, mas a Monkey era a que tinha a melhor tecnologia e base de clientes.

“Eles tem um sistema muito bem testado, uma capacidade de execução comprovada, e um time de fundadores muito bom,” disse o gestor. 

A Monkey já tem 50 grandes empresas na plataforma — entre elas Gerdau, Minerva, Fiat e Petrobras — com mais de 10 mil fornecedores cadastrados. 

No ano passado, a plataforma transacionou R$ 8 bilhões, número que deve subir para R$ 20 bi este ano e mais de R$ 100 bilhões em 2023. A Monkey fica com um pequeno take rate (abaixo de 1%) de todas as transações feitas. 

O Itaú pretende usar sua estrutura para acelerar o crescimento da Monkey, cuja solução “pode ser usada por vários dos nossos clientes,” segundo André Sapoznik, o vp de tecnologia e operações do banco. “Existe uma oportunidade muito grande de preencher lacunas de oferta de crédito nossas e dos nossos concorrentes com a Monkey.”   

Para os próximos anos, a Monkey quer crescer em três frentes: a internacionalização do negócio (ela já está presente no México, Colômbia e Chile), e a entrada em outros segmentos de crédito. 

Hoje, só são negociados nas plataformas títulos performados, ou seja, recebíveis de produtos ou serviços que já foram vendidos ou entregues às empresas. 

A ideia é entrar também nos títulos não-performados — quando o fornecedor recebe o pedido e precisa de recursos para financiar a produção — e no mercado de ‘vendor’, a modalidade de crédito em que os bancos financiam os compradores das empresas cadastradas na plataforma (o comprador paga a prazo e a empresa recebe à vista).