O Itaú acaba de anunciar a compra da Avita, uma corretora de seguros-garantia judiciais criada do zero pela Prisma Capital em 2019.

O valor da aquisição não foi anunciado, mas o banco disse que a empresa tem uma carteira de mais de R$ 60 bilhões em seguros-garantia e emitiu R$ 400 milhões em prêmios desde que foi fundada. 

Para criar a empresa, a Prisma trouxe como sócios Adriano Almeida, que trabalhou nove anos na corretora AON, Rodolfo Fonzar, um ex-diretor do BTG que passou cinco anos como sócio da corretora de seguros Par5, e Daniela Duran, que também trabalhou na AON. 

A Avita surgiu para resolver uma dor latente desse mercado: a falta de digitalização no processo de emissão e acompanhamento das apólices e a impossibilidade das empresas de emitir seguros-garantia de valores baixos — o que as obrigava a fazer o depósito judicial. 

“Antes da Avita, o valor mínimo para emitir um seguro-garantia era na faixa dos milhões de reais, e era feito tudo de forma analógica, com dezenas de trocas de email para conseguir emitir uma apólice,” Rodolfo disse ao Brazil Journal

A Avita resolveu isso oferecendo seguros-garantia a partir de R$ 100 e com uma plataforma digital que permite ao cliente cotar o produto em mais de 20 seguradoras e fazer a contratação de forma simples e rápida — em menos de 1 minuto — com a apólice indo direto para os advogados das companhias. 

Depois, o cliente consegue acompanhar todas as suas apólices direto na plataforma, por meio de um dashboard contendo as informações sobre cada seguro. 

Com esse modelo, a Avita conquistou 450 clientes – 90 deles empresas listadas na Bolsa, incluindo gigantes como Eletrobras, Votorantim e o próprio Itaú, que era cliente da plataforma há mais de dois anos. 

Construir a plataforma não foi um trabalho fácil.

Adriano disse que eles tiveram que bater na porta de todas as principais seguradoras desse mercado, explicando a importância e os benefícios que elas teriam ao criar um seguro-garantia com um tíquete baixo. (O principal pitch foi mostrar às seguradoras que elas teriam acesso a um mercado novo, até então inexistente, sem nenhum custo novo associado a isso). 

A startup precisou criar do zero todas as APIs para conectar sua plataforma com os sistemas das seguradoras.

O Itaú comprou 80% da Avita e ganhou uma opção de compra pelos 20% restantes; o preço dependerá de metas estabelecidas. A Prisma vendeu toda sua participação de 70%, enquanto os três fundadores venderam 10% e continuaram com os 20% restantes e como executivos da companhia. 

Adriano é o CEO; Rodolfo, o diretor comercial e financeiro; e Daniela, a diretora técnica. 

Com o Itaú, a expectativa dos fundadores é de um crescimento exponencial, já que o banco deve passar a oferecer a plataforma à sua base de mais de 25 mil clientes corporativos de grande e médio porte.

Adriano estima que a Avita possa crescer 10x nos próximos cinco anos aproveitando as sinergias com o banco.  

O potencial de mercado salta aos olhos. Os fundadores dizem que há R$ 4 trilhões em autuações nas esferas administrativas que podem virar processos judiciais.

Além disso, há outros R$ 400 bilhões em depósitos judiciais, e a grande maioria poderia ser convertida em seguros-garantia. 

A Avita tem uma operação redonda. Lucas Canhoto, da Prisma, disse que a empresa opera no breakeven desde o primeiro ano, gera caixa e paga dividendos mensais.