O Inter reportou um terceiro tri com lucro e ROE abaixo do consenso dos analistas, mas acelerou o crescimento de sua carteira de crédito e manteve a inadimplência estável.
O lucro líquido do banco da família Menin veio em R$ 336 milhões, com um ROE de 14,2%, um crescimento de 30 basis points em relação ao segundo tri.
O consenso Bloomberg era de um lucro de R$ 374 milhões, com ROE de 15%. O Itaú esperava R$ 375 milhões, e o BTG projetava R$ 366 milhões.

O ROE de 14,2% também acende um sinal de alerta dado o plano do Inter de terminar 2027 com um ROE de 30%. Nas contas de analistas e gestores, para estar ‘on track’ com este plano, o Inter teria que terminar este ano com um ROE de 18% – algo que parece difícil, apesar da sazonalidade favorável do quarto tri.
“Seguimos super comprados com o nosso plano,” o CFO Santiago Stel disse ao Brazil Journal. “Os números estão melhorando tri a tri e vão se acumulando ao longo do tempo. Alguns tris têm saltos melhores de ROE, outros têm saltos maiores em outros indicadores. Neste tri, o mior salto foi no índice de eficiência.”
O índice de eficiência do Inter – a razão entre a despesa e a receita – teve uma melhora relevante no trimestre, saindo de 47,1% no segundo tri para 45,2% no terceiro. A melhora teve a ver com a forte alavancagem operacional do trimestre, com as receitas do Inter crescendo 29% ano contra ano e as despesas, apenas 16%.
A meta do CEO João Vitor Menin é atingir um índice de eficiência de 30% até o final de 2027, um ROE de 30% e 60 milhões de clientes.
Outro destaque positivo foi a carteira de crédito, que cresceu 9% na comparação sequencial para R$ 43,3 bilhões – um crescimento três vezes a média do mercado, segundo o CFO.
O maior crescimento veio na carteira de crédito pessoal, que inclui o consignado privado, uma das grandes apostas do banco. Esta carteira cresceu 11%, com o crédito consignado crescendo 83%, saindo de R$ 730 mihões para R$ 1,3 bilhão.
Santiago disse que o Inter já tem um market share de cerca de 10% nas originações deste produto, que “tem um ROE muito alto.”
No trimestre, a carteira de crédito imobiliário cresceu 10%, a de home equity, 9%, e a de cartões de crédito, 7%.
Ao mesmo tempo em que acelerou o crescimento da carteira, o Inter conseguiu manter sua inadimplência estável.
O NPL 15 a 90 dias se manteve em 4,1%, o mesmo número do tri passado, enquanto o NPL 90 dias viu uma queda marginal, de 4,6% para 4,5%.
O Inter fechou o tri com 41,3 milhões de clientes, um crescimento de 2 milhões. Já os clientes ativos – aqueles que geraram alguma receita para o banco nos últimos meses – saíram de 22,7 milhões para 23,9 milhões, um aumento de 1,2 milhão.
Nos últimos tris, o Inter vinha crescendo sua base de clientes ativos em cerca de 1 milhão por trimestre e acelerou o crescimento neste tri.
O Inter vale US$ 4,35 bilhões na Nasdaq, com sua ação subindo 140% desde o início do ano.
Nos últimos 12 meses, o papel sobe 60%. Nas contas do Itaú, o banco negocia a 12x o lucro estimado para o ano que vem.











