A ação do Banco Inter continua sua alta em linha reta — de R$ 30 para R$ 190 em 12 meses — lembrando o ‘sex appeal’ do bitcoin e validando a tese de grandes investidores como o fundo Ponta Sul, que carrega a posição há anos.
No Twitter, Pedro Novaes fundiu tudo: “Bidicoinsul segue empalando vendidos.”
O papel sobe mais de 9% hoje depois que o banco apresentou uma prévia operacional com números fortes no primeiro trimestre. O Inter vale agora R$ 48 bilhões.
A alta veio depois que o Itaú BBA começou a cobrir o papel com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 204. O BTG também aumentou seu preço-alvo para o Inter para R$ 200/unit, com o analista Eduardo Rosman estimando que em 2023 o Inter terá um retorno sobre o patrimônio de 23% — maior do que os bancões — contra 4,6% estimado para este ano.
No primeiro tri, o Inter acelerou seu crescimento em todas as verticais: dobrou o número de contas e de clientes com saldo em conta em relação a um ano atrás; cresceu em 173% sua originação de crédito; e em 149% o número de clientes que investem pela plataforma do banco, que já representam 15% da base. A venda de seguros aumentou 345%.
O Inter também aumentou consideravelmente as vendas de seu marketplace. No primeiro tri, o GMV foi de R$ 675 milhões — 16x maior que o mesmo tri de 2020 e superior também ao do quarto trimestre do ano passado (R$ 635 mi), sazonalmente o melhor trimestre para o varejo pelo Natal e a Black Friday.
No relatório publicado hoje, o Itaú disse que a “combinação de mais clientes, novos produtos e uma penetração crescente da base está expandindo o mercado endereçável do Inter (estimado em mais de R$ 500 bilhões) e suas avenidas de monetização”.
Segundo o analista Pedro Leduc, há uma demanda reprimida grande por crédito na base de clientes do Inter, e o “crédito é a avenida mais direta de monetização dos clientes.”
“A chave para uma maior amplitude de crédito é funding, e ele está começando a aparecer no Inter. Os depósitos de clientes subiram 150% no ano passado para R$ 12 bilhões. Isso não apenas confirma que o Inter está sendo usado como o banco principal do cliente, mas também está reduzindo o custo de funding para menos de 100% do CDI num momento de alta da taxa de juros — colocando o Inter bem à frente dos bancos digitais e fintechs, que ainda dependem de um mercado de funding mais caro.”
O diferencial do modelo de Leduc: ele estima que o Inter vai levantar R$ 6 bi em equity até 2025, o que permitiria ao banco fortalecer seu balanço e acelerar a concessão de crédito.
Na ponta cética do mercado, a Goldman Sachs notou que apesar do forte crescimento o maior desafio do Inter continua sendo a monetização, que na opinião do banco deve melhorar “modestamente.”
A Goldman estima um lucro líquido de R$ 23 milhões para o primeiro trimestre — o que seria um ROE de apenas 2,8% — e manteve sua recomendação de venda “dado o valuation muito esticado de 300x o lucro estimado para 2022.”
Os ‘bears’ estão começando a jogar a toalha, zerando os shorts na última esticada. Desde o começo de março, o short contra a ação do Inter caiu de 3,8 milhões de units para 2,3 milhões (R$ 430 milhões a preços de hoje). A ação subiu 14% no período.
Com a alta de hoje, o Inter já vale mais da metade do BTG Pactual, que na “atividade de crédito é muito maior e melhor que ele, sem contar outras linhas de receita,” disse um investidor. “Esses caras deveriam estar fazendo M&As como uns loucos aproveitando o valor da moeda.”