O Inter começou hoje sua migração para a Nasdaq — um movimento que pode culminar num re-rating significativo da ação do banco digital depois de uma queda que amputou quase metade do valor da companhia.

Depois de cair sete dos últimos oito pregões, a ação abriu hoje em alta de 8%, depois da notícia. Neste período, o Inter caiu de R$ 61 para R$ 41,55 ontem. (A máxima do papel foi R$ 84,86 em 21 de julho.)

O Inter disse que contratou o Bank of America, Bradesco BBI, JP Morgan e Itaú BBA para assessorar a operação. 

Pelos termos propostos, as ações do Inter vão migrar para a Inter Holding, que depois será incorporada pela Inter Platform, a empresa com sede em Cayman que será listada nos EUA. 

A nova companhia terá uma estrutura de duas classes de ações — Class A e Class B (que tem super voting rights) — desenhada para garantir que a família Menin mantenha o controle de fato da empresa mesmo com menos de 50% do capital total. 

Os Menin terão 35% das ações após a migração, mas 84% do capital votante.

Na reorganização societária, o Inter dará duas opções para os atuais acionistas: receber BDRs (lastreadas nas ações classe A),ou um valor em dinheiro por ação ainda a ser definido. 

O Inter ainda não definiu as relações de troca, mas disse que todos os acionistas manterão “a mesma participação proporcional no capital social total da Inter Platform que detinham no capital do Inter.”

A migração para a Nasdaq, onde os investidores estão mais acostumados a pagar múltiplos altos por empresas de tecnologia, pode levar a uma reprecificação da companhia, que hoje vale perto de R$ 40 bilhões. 

Além disso, a estrutura de duas classes de ações permitirá ao Inter capitalizar mais a empresa com follow-ons sem que os controladores percam o controle do negócio.