A Idwall — a startup de autenticação digital anti-fraude que atende clientes como Grupo Pão de Açúcar, iFood e QuintoAndar — acaba de levantar R$ 210 milhões numa rodada que dará fôlego a sua estratégia de expansão: uma mescla de crescimento orgânico com M&As.
A rodada Series C foi liderada pelo Endurance, o family office dos herdeiros de Pedro Conde, o banqueiro que fundou e depois vendeu o BCN para o Bradesco nos anos 90.
Os fundos GGV Capital, de Hans Tung; Península, de Abilio Diniz; Monashees e Norte Ventures também participaram. Canary, Qualcomm e ONEVC, que já eram investidores, acompanharam a rodada.
Até agora, a Idwall havia levantado R$ 50 milhões em outras três rodadas de capital.
Num País onde acontece uma fraude a cada 16 segundos, a Idwall se consolidou como um dos principais players no mercado de autenticação de identidade no processo de onboarding (quando você abre uma conta num banco digital ou no site de um varejista).
A Idwall desenvolveu uma série de softwares e soluções que tornam esse processo mais rápido e seguro.
Assim que contrata a Idwall, o cliente tem acesso a um ‘software development kit’, que permite, por exemplo, usar visão computacional para identificar se a foto do documento do cliente está legível e com boa iluminação. Numa etapa posterior, a inteligência artificial captura todas as informações escritas no RG.
Depois de validar o documento, a Idwall faz a captura do rosto do cliente com duas camadas de proteção anti-fraude: identifica se a pessoa realmente está viva, pedindo para ela movimentar o rosto na câmera, e compara a selfie com a foto do documento de identidade usando um algoritmo proprietário.
A terceira etapa é checar o histórico do cliente: a Idwall acessa 250 bancos de dados diferentes (públicos e privados) para checar os antecedentes do novo usuário.
“Analisamos desde antecedente criminal até os dados da pessoa nos bureaus de crédito. Com base nisso, damos um score de risco dependendo do que ela está querendo fazer. Se está abrindo conta é um score, se está alugando um carro é outro,” Lincoln Ando, o fundador, disse ao Brazil Journal.
A Idwall cobra uma assinatura mensal que varia de acordo com o número de validações. Se o cliente contratar mil validações por mês, vai pagar um custo unitário por validação menor do que se contratar o pacote de 100.
Fundada em 2016, a Idwall nasceu da cabeça de Raphael Melo, um ex-desenvolvedor do Banco Original, e Lincoln, um menino-prodígio que aprendeu a programar com 12 anos para criar servidores para seus jogos de RPG (aqueles games de computador em que você interpreta um personagem num mundo fictício).
Com 17, Lincoln foi estudar ciência da computação na Unicamp e, com 20, já trabalhava no Banco Original como desenvolvedor, onde era responsável justamente pela criação da solução de onboarding de novos clientes do banco digital. Antes de fundar a Idwall, Lincoln criou outra startup: um marketplace de locação de equipamentos para a construção civil que, segundo ele, foi à falência em parte pela alta incidência de fraudes.
Em pouco tempo, a Idwall conquistou contas relevantes. Hoje, ela atende mais de 300 empresas, incluindo dois dos três maiores bancos brasileiros e mais de 12 unicórnios — além de varejistas como o GPA.
A Idwall não abre o faturamento, mas Lincoln diz que a empresa já teria tamanho para um IPO, considerando a receita das empresas de tech que abriram capital recentemente.
Os recursos da rodada serão usados para o crescimento orgânico, com a expansão do time comercial, e para M&As pontuais.
“Aquisição não é nossa primeira opção, mas estão surgindo oportunidades interessantes e estamos com algumas negociações abertas,” disse o fundador. “A ideia é comprar tanto market share quanto capabilities, com pequenas empresas que tenham produtos adjacentes aos nossos e que possamos fazer o upsell.”