A JBS acaba de concluir uma emissão de R$ 1,8 bilhão em CRAs — na operação mais longa deste tipo do mercado de capitais brasileiro.
A emissão foi dividida em quatro séries: a primeira, em dólar, tem prazo de 5 anos, a segunda de 10, a terceira de 15 anos e a quarta de 20.
Um banker de DCM disse que, no mercado de CRAs, nunca havia ocorrido uma emissão com prazo maior que 10 anos. “Já houve emissões de 15 e 20 anos de debêntures de infraestrutura, mas de CRAs, nunca,” disse ele.
Na emissão de hoje, a oferta-base era de R$ 1,5 bilhão, mas como a demanda foi forte (de R$ 2,5 bi, ou 1,6x book) a companhia optou por exercer o lote adicional, elevando o total captado para R$ 1,8 bi.
Os CRAs saíram a uma taxa de 6% na primeira série (que foi em dólar), de IPCA + 6,6% na segunda, de IPCA + 6,8% na terceira e de IPCA + 7% na quarta. Para efeito de comparação, o prazo médio da dívida da JBS é de 11,1 anos, com um custo médio de 5,78%.
Os CRAs foram distribuídos basicamente para pessoas físicas. Algumas tesourarias de bancos também compraram, mas com o objetivo de revender no secundário depois. “No final, o público comprador deste título vai ser 100% varejo,” disse uma fonte a par da operação.
A JBS disse no prospecto da oferta que vai usar os recursos da oferta para financiar suas atividades corriqueiras: a compra de gado e produção de carne.
Nos últimos anos, a companhia dos irmãos Batista tem recorrido cada vez mais aos CRAs para financiar sua operação. Hoje, da dívida bruta de R$ 96 bilhões, cerca de 12% está em CRAs, considerando a emissão de hoje.
A alavancagem da JBS fechou o primeiro tri deste ano em 3,7x EBITDA, em comparação aos 4,3x do tri anterior.
Os coordenadores da oferta foram a XP (líder), Banco do Brasil, Bradesco BBI, BTG Pactual, Daycoval, Itaú BBA, Safra, Santander e Genial.