A Hypera assinou um acordo de leniência com a CGU e a AGU, um evento amplamente aguardado e que remove a maior incerteza jurídica que pesava sobre a companhia.
A leniência deriva da acusação de que um de seus executivos deu dinheiro a políticos; no final, as investigações não comprovaram que a empresa recebeu favores.
A dona do Engov, Benegrip e Maracugina se comprometeu a pagar cerca de R$ 110 milhões e continuar desenvolvendo seu Programa de Integridade, que será acompanhado pela CGU por um ano e meio.
Mas, como já esperado pelo mercado, o fundador da companhia, João Alves de Queiroz Filho, o “Júnior”, vai arcar integralmente com o valor do acordo.
Júnior tem 21,4% da companhia e exerce o controle de fato por meio de um acordo de acionistas com a Maiorem, a holding de investidores mexicanos que é dona de outros 14,7%.
A Hypera estava em tratativas com a CGU e a AGU há meses.
“A discussão agora é o múltiplo em que a Hypera deve negociar agora que investidores internacionais e mesmo alguns locais poderão novamente comprar o papel,” disse um investidor.
Hoje a ação negocia a 13-14x lucro de 2023. Numa reunião hoje com dezenas de investidores do buyside, o analista Luiz Guanais, do BTG, foi perguntado sobre o “múltiplo justo” da Hypera depois da leniência; para o analista, o múltiplo pode se expandir para até 20x.
Nas últimas semanas, o mercado pareceu antecipar parte do anúncio. Com a Bolsa derretendo, a ação saiu do patamar de R$ 30 para R$ 40.
Num comunicado agora há pouco, a Hypera reiterou que “não se beneficiou dos atos lesivos praticados e nas tratativas para o acordo de leniência não foi identificado dano ao Erário relacionado aos fatos.”
A Hypera fechou o dia valendo R$ 24 bilhões na B3.