Depois de um selloff que fez a ação despencar quase 30% nos últimos três meses, o Bradesco BBI está elevando sua recomendação para a Hypera de ‘neutro’ para ‘compra’, com um preço-alvo de R$ 28, um upside potencial de 30% em relação ao preço de tela.
O novo target já considera o cenário-base de um imposto sobre o benefício fiscal de ICMS, que gerou um impacto negativo de R$ 4 por ação no preço-alvo do Bradesco.
Negociando a 7,5x o lucro estimado para o ano que vem, o banco acredita que a Hypera ficou barata demais para ignorar.
Para se ter uma ideia, a média histórica da companhia é um múltiplo de 11,5x lucro, com a ação negociando hoje com um desconto de 35% em relação a essa média.
Além do valuation atrativo, o upgrade do Bradesco teve a ver com dois outros fatores: uma maior visibilidade de resultados por conta da conclusão da otimização do capital de giro no segundo tri; e o potencial ganho com a entrada da companhia no mercado de genéricos de semaglutida, lançando alternativas ao Ozempic e ao Wegovy, cujas patentes expiram em 2026.
“Estimamos que a versão genérica da semaglutida possa adicionar aproximadamente 5% ao EBITDA da Hypera em 2029, assumindo uma participação de mercado de 8% (em comparação aos 13% de seu portfólio atual) e um lançamento em 2026, após o vencimento esperado da patente em março,” escreveu o analista Marcio Osako.
O analista nota que os principais concorrentes prováveis nesse mercado são a EMS, a Eurofarma e o Aché, mas que a Hypera foi a primeira empresa a protocolar o pedido de aprovação na Anvisa, e que o órgão regulador deve priorizar a análise dos três primeiros solicitantes.
“O sell-out de Ozempic/Wegovy chegou a R$ 4,9 bilhões nos últimos 12 meses até setembro, crescendo mais de 30% em relação ao ano anterior e representando cerca de 6% do mercado endereçável de R$ 80 bilhões da Hypera.”
No relatório, o Bradesco também disse que a companhia concluiu com sucesso sua otimização de capital de giro, que começou no terceiro tri de 2024 e foi finalizada em abril deste ano.
“A companhia também alcançou sua meta de 60 dias de contas a receber, sem qualquer impacto relevante em seu desempenho de sell-out, que cresceu em linha com o mercado endereçável no período,” diz o relatório. “Como resultado, o capital de giro da Hypera, como percentual da receita anualizada, caiu de 49% no segundo tri de 2024 para 32% no segundo tri deste ano.”
O Bradesco espera resultados positivos no terceiro tri, com o sell-out da Hypera crescendo 8% ano contra ano em comparação aos 5,5% que cresceu no segundo tri, e com ganho de share.
Já a receita deve crescer 16%, beneficiada por uma base de comparação fraca, na estimativa do Bradesco, enquanto a margem EBITDA deve melhorar 0,7 pp no sequencial, para 33,7%. Por fim, o banco estima que o capital de giro fique flat em 32% da receita (em comparação aos 49% do segundo tri de 2024, antes da otimização).
A Hypera vale R$ 13,6 bilhões na Bolsa.