A Hypera Pharma deveria estar valendo o dobro do que vale hoje na Bolsa na avaliação dos analistas do Bank of America. Eles recalcularam o valuation da empresa a partir dos múltiplos embutidos na oferta que a Unilever fez recentemente pelo negócio de consumer health da GlaxoSmithKline.
A Unilever ofereceu € 50 bilhões à GSK, um múltiplo de 5x receita e 18x EBITDA (ambos estimados para 2023). A gigante farmacêutica recusou a proposta dizendo que ela “subavaliava” o negócio, e que pretende fazer um spinoff da unidade buscando múltiplos mais altos. A Unilever disse que não vai aumentar a oferta.
Os analistas Bob Ford, Melissa Byun e Guilherme Vilela escreveram que a Hypera tem um perfil de crescimento e rentabilidade superior ao da GSK – e portanto deveria ter um valuation semelhante.
No relatório, eles fazem um exercício para avaliar a Hypera nos mesmo múltiplos da oferta lançada pela Unilever. Na conta, eles reclassificam cerca de 10 pontos percentuais das receitas da Hypera que hoje estão ligadas a produtos OTX em produtos OTC.
(Os dois tipos de medicamentos são vendidos sem receita, mas a demanda pelos OTX costuma ser estimulada pelos médicos; por exemplo, os dermocosméticos ou o Rinosoro, indicado por pediatras. Os múltiplos do negócio OTC são muito maiores por serem produtos sem risco de patente, que dependem de inovação incremental e têm risco baixo.)
No exercício, os analistas do BofA adotaram o múltiplo de 18x Ebitda da proposta da Unilever para a receita reclassificada em OTC da Hypera e avaliaram o restante do negócio a um múltiplo de mercado, de cerca de 11x EBITDA.
Por esse exercício, a Hypera vale R$ 36,5 bilhões, cerca de 2x o market cap atual.
O Bofa manteve a recomendação de compra para Hypera com preço-alvo de R$ 51, um upside de 76%.