SALVADOR — Nos últimos dois anos, a cidade de Salvador ganhou três novos hoteis premium:  o Fasano, o Wish e o Zank.

Mas em meio a essa injeção de confiança, um hotel ícone de outrora deteriora em praça pública, assustando os hóspedes e envergonhando a cidade.

Há anos que o Hotel Pestana, no Rio Vermelho, desativou seu prédio principal, uma torre de 430 apartamentos.  De lá para cá, o Pestana opera apenas o prédio anexo, o chamado Pestana Bahia Lodge, que tem só dois andares e um total de 98 unidades (62 das quais são alugadas para residentes permanentes).

Por muitos anos, frequentei o Lodge atraído principalmente por sua piscina maravilhosa, que dá vista direta para o Atlântico sem fim.

Agora não dá mais.

O Lodge está tão deteriorado que os problemas de gestão ultrapassam, em muito, os prazeres da piscina.

Num fim de semana recente, fizemos o check-in numa sexta por volta de 18 horas, esperando sair apenas na segunda-feira.

Os problemas logo começaram, nos obrigando a trocar de hotel em apenas 24 horas.

Ao chegar no quarto, a janela de vidro que dá para a tal da piscina — e que nas estadias anteriores permitia a entrada da brisa do mar — desta vez não abria; estava emperrada.  Chamamos a manutenção, que deu a entender que era isso mesmo:  “emperrou por causa da maresia, mas podemos abrir a janela do lado” (em outra parede).

Pedimos toalhas de banho extra e um ferro de passar.  Vinte minutos depois (uma eternidade para o padrão do hotel), um senhor veio entregar as toalhas e informou, compungido, que o hotel só tem um ferro de passar, e que este estava emprestado, mas que, no dia seguinte, se ainda quiséssemos, poderiam recuperá-lo e trazer ao nosso quarto.

Os problemas do Pestana parecem ter a ver com a falta de treinamento e investimento.

As toalhas são de segunda e estão gastas;  as amenidades do banheiro são de fabricação própria do Pestana, em tamanhos mixurucas e qualidade duvidosa; os dois banheiros da suíte exalam o famigerado odor do ralo — ah, e a área do banho tem apenas metade de uma porta de vidro (a outra metade quebrou em algum passado distante e nunca foi substituída).

Na área social, dos quatro elevadores, três estão desativados, e a recepção frequentemente tem apenas um funcionário, causando demora no atendimento.

No dia seguinte, ao usar a piscina, procuramos um local para nos abastecer de toalhas.  Mas aparentemente, manter toalhas na área da piscina é uma logística sofisticada demais para o Pestana:  fomos informados de que teríamos que ir até a recepção (no prédio anexo!) se quiséssemos mesmo as malditas toalhas.

Antes de publicar esta resenha, procuramos o Grupo Pestana, que nos disse educadamente que “está realizando diversas melhorias para tornar suas instalações mais modernas, mantendo a qualidade reconhecida de suas unidades, sempre prezando pelo bem-estar e satisfação de nossos hóspedes.”

É muito triste quando um hotel de frente para o mar não realiza todo o seu potencial.  É um desperdício para o dono do imóvel, para o operador e para os hóspedes.

Com investimento mínimo e treinamento robusto, o Pestana Bahia Lodge poderia ser reinventado e cobrar tarifas muito maiores.

Tomara que os portugueses tenham visão.