A JSL — a empresa de logística da Simpar — acaba de adquirir a FSJ Logística, uma transportadora que atende o varejo e o ecommerce e é focada no chamado ‘middle mile’.
A JSL está pagando um enterprise value de R$ 125 milhões pela FSJ, que tem uma dívida líquida de R$ 16,4 milhões.
O valor implica um múltiplo EV/EBITDA de 2,9x, abaixo do múltiplo de cerca de 5x em que a própria JSL negocia na Bolsa.
O pagamento vai ser feito 50% à vista e o restante dividido em duas parcelas anuais corrigidas pelo CDI.
Como o pagamento será a prazo, a expectativa da JSL é que a geração de caixa da adquirida já seja suficiente para praticamente pagar a aquisição, considerando o crescimento que é esperado com a captura de sinergias.
As sinergias imediatas são o “acesso a capital a um custo menor; a aquisição de veículos a preços mais competitivos, já que somos os maiores compradores de caminhões do Brasil; e o custo de insumos, como pneus e peças,” Ramon Alcaraz, o CEO da JSL, disse ao Brazil Journal.
Segundo ele, a JSL tem conseguido, na média, gerar um ganho de 2% sobre a receita líquida por conta de sinergias com as empresas adquiridas, o que tem se refletido num aumento de 20% a 30% no lucro líquido.
“E esses são os ganhos imediatos. No futuro, também podemos compartilhar armazéns e algumas rotas,” disse o CEO.
Os dois negócios são complementares.
A JSL já atendia empresas de ecommerce e varejo, basicamente levando as mercadorias dos CDs para as lojas, o que é conhecido no setor como ‘distribuição urbana’. Ela não operava, no entanto, no chamado ‘middle mile’, em que a transportadora pega os produtos em CDs fora dos centros urbanos e os leva para pequenos armazéns dentro das cidades, de onde vão para o ‘last mile.’
Segundo Ramon, a JSL não tem planos de entrar no ‘last mile’ porque “o mercado ainda não achou a fórmula da rentabilidade.”
“O consumidor que compra na internet quer receber na casa dele mas não quer pagar muito por isso. Então essa diferença do frete fica muito pequena.”
Fundada em 2015 em Itupeva, a FSJ tem uma frota avaliada em R$ 93 milhões e com idade média de 4,2 anos. A companhia fez uma receita líquida de R$ 273 milhões no ano passado, com um EBITDA de R$ 42 milhões.
Para efeito de comparação, a JSL fatura cerca de R$ 9,5 bilhões, com um EBITDA de R$ 1,5 bi.
A aquisição é a oitava da JSL desde o IPO em setembro de 2020, quando levantou cerca de R$ 700 milhões justamente para acelerar o crescimento inorgânico.
De lá para cá, a companhia comprou a Fadel, focada na distribuição urbana; a Transmoreno, de transporte de veículo zero; a TPC, de movimentação interna e gestão de armazéns; a Marvel, de transporte de produtos resfriados; a Rodomeu, de transporte de produtos químicos, gasosos e perigosos; a Truckpad, uma startup de gestão de frotas; e a IC Transportes, focada no transporte para o agronegócio.
No total, a JSL pagou um enterprise value de R$ 2 bilhão por essas sete empresas, com o maior montante indo para a IC (R$ 587 milhões).
A JSL tem uma alavancagem de 3,1x EBITDA, em linha com seu compromisso junto a investidores de manter sua alavancagem em 3x ou menos.
A companhia vale R$ 2,5 bilhões na B3.