O Grupo Pão de Açúcar (GPA) está dobrando sua aposta no atacarejo, cujas vendas crescem substancialmente acima da média do setor, enquanto acelera esforços para consertar seu portfólio de hipermercados, que perdeu tráfego e rentabilidade nos últimos anos.

Num encontro com investidores esta tarde, o GPA anunciou que vai vender ou fechar 10 lojas do hiper EXTRA e converter outras 25 a 30 em lojas do Assaí nos próximos dois anos.  As lojas sendo convertidas ou fechadas apresentam resultado abaixo do esperado.

Das 112 lojas do hiper Extra, aproximadamente 75 têm margem EBITDA entre 6% e 9%, um retorno satisfatório para o formato.

Com o guidance anunciado hoje, o GPA reduz o parque de lojas dos hipermercados Extra em cerca de 32%.

Além disso, o GPA anunciou que vai abrir outras 20 lojas do Assaí por ano nos próximos dois anos, elevando o número potencial de novas lojas do atacarejo para 65.  A bandeira vai encerrar 2019 com 166 lojas abertas.

A expectativa é que o Assaí tenha uma receita de R$ 50 bilhões em 2021, quase dobrando o faturamento de R$ 30 bi que a bandeira deve fazer este ano.

O ritmo de conversão de lojas anunciado é uma aceleração da estratégia.  A primeira conversão de lojas do Extra Hiper para o Assaí ocorreu em 2016, quando a companhia começou a testar o modelo.  De lá para cá, o GPA converteu apenas 19 lojas. 

O GPA também disse que vai retomar a expansão orgânica do Pão de Açúcar, seu formato premium, e do formato de proximidade Minuto Pão de Açúcar.

10417 c19c23fe 1c2d 0007 0000 654b21f61a61No ano que vem, serão abertos dez supermercados Pão de Açúcar e 50 lojas Minuto. “Nos últimos anos tivemos uma expansão super acelerada do Assaí mas adotamos uma posição defensiva no multivarejo, ajustando as lojas pra melhorar a rentabilidade e experiência,” disse Peter Estermann, o CEO do GPA. “Agora estamos prontos para voltar a expandir.”

Hoje, o Assaí representa 52% da receita do GPA, enquanto o Extra faz 28%.  Os outros formatos combinados fazem os outros quase 20% restantes.

Esta foi a última reunião com investidores antes do GPA começar a negociar no Novo Mercado, o que deve acontecer na primeira metade de fevereiro. As ações preferenciais serão convertidas em votantes na proporção de 1:1.

Depois da venda de sua participação na Via Varejo, o GPA se tornou uma empresa alimentar.  Desde novembro, o GPA também controla o Éxito, a maior rede de supermercados da Colômbia, que representa 25% do faturamento consolidado e 28% do EBITDA do grupo na América Latina.  

Com a conversão das PNs em ONs, o Casino terá 42,8% do capital da companhia, e o mercado, o saldo.  O conselho de administração terá seis membros indicados pelo Casino e três independentes.

Segundo Estermann, as bandeiras do Éxito tem apresentado uma melhora nas vendas este ano, principalmente a Carulla, uma espécie de Pão de Açúcar de lá, e a incorporação da rede deve adicionar cerca de R$ 18 bilhões a receita do GPA considerando as vendas dos últimos doze meses até setembro. 

Para competir com os ‘hard discounts’ da região, o grupo também planeja abrir uma loja do Assaí no país a primeira da marca fora do Brasil. Hoje, o Éxito já tem uma rede de atacarejo própria, mas com lojas menores (de cerca de 2,3 mil metros quadrados) e voltadas apenas para pessoas jurídicas.

O GPA anunciou ainda o lançamento de um marketplace alimentar, que começará a operar no primeiro semestre. A plataforma venderá produtos de varejistas menores e que complementam o portfólio da rede, como suplementos alimentares e cosméticos. Com o lançamento, o GPA espera dobrar as vendas do e-commerce em 2020. Neste ano, elas devem fechar em R$ 500 milhões perto de 2% da receita do grupo.

Do total, 60% já são feitas no modelo ‘shipping from store’, uma entrega que parte das lojas (ao invés do centro de distribuição) e que é mais rentável para o GPA.