The show must… be broken up.

O Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) quer separar a Live Nation da Ticketmaster, 14 anos depois da fusão que uniu as duas empresas e criou um Godzilla do entretenimento.

Junto com 30 procuradores-gerais de estados dos EUA, o DoJ entrou com uma ação alegando que a Live Nation Entertainment mantém monopólios na venda de ingressos e produção de shows.

“Os fãs pagam mais em taxas, os artistas têm menos oportunidades de fazer shows e os pequenos produtores são eliminados,” disse o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland.

“A indústria de shows nos Estados Unidos está quebrada porque a Live Nation-Ticketmaster tem um monopólio ilegal,” complementou o chefe da unidade antitruste do DoJ, Jonathan Kanter.

Depois da notícia, a ação da Live Nation cai quase 7% na NYSE. A empresa vale agora US$ 21,9 bilhões.

A Live Nation tem mais de 265 casas de shows na América do Norte, cuida da agenda de 400 artistas e produz 60% dos shows nos Estados Unidos. Para completar, por meio da Ticketmaster, ela controla 80% das vendas de ingressos, segundo a queixa do DoJ.

Dan Wall, o vice-presidente para assuntos corporativos da Live Nation, disse que a acusação de monopólio era “absurda”.

Segundo ele, o processo ignora os fatos que fazem os ingressos ficarem mais caros: o aumentos dos custos de produção, a alta popularidade dos artistas e as vendas de ingressos 24 horas por dia, 7 dias por semana.

“Todos os anos, a concorrência na indústria leva a Live Nation a cobrar taxas mais baixas, tanto na produção quanto na venda de ingressos,” escreveu o executivo no site da companhia.

No texto, ele comparou as comissões cobradas pela Live Nation (de cerca de 5%) com de outros serviços, como o Airbnb (17,2%), o Uber (25%) e a Twitch (50%).

O que desencadeou a crise entre Live Nation e o governo americano tem nome e sobrenome: Taylor Swift.
Em 2022, milhões de pessoas tiveram problemas ao tentar comprar ingressos para a “The Eras Tour”.

Entre as principais críticas estavam a falta de atendimento, instabilidade dos servidores e, claro, taxas elevadas.

Esses problemas fizeram com que o CEO da Live Nation, Joe Berchtold, fosse convocado a se explicar no Congresso.

A fusão dos negócios da Ticketmaster com a Live Nation ocorreu em 2010 – e teve a aprovação do próprio DoJ. Naquele ano, a empresa combinada tinha um valor de mercado de US$ 2,5 bilhões.

Na época, o DoJ colocou algumas limitações para a empresa, como a proibição de retaliação contra produtores e artistas que escolhessem concorrentes.

Em 2019, a autarquia disse que a Live Nation vinha violando o acordo inicial repetidamente.

Wall, da Live Nation, nega as acusações – e diz que a empresa é vítima.

“Somos mais uma vítima da decisão desta administração de entregar a aplicação da lei antitruste a um impulso populista,” escreveu. “Alguns chamam isso de ‘antimonopólio’, mas na realidade é apenas ‘antinegócios.’”