A Goldman Sachs rebaixou a recomendação para a BRF de ‘neutra’ para ‘venda’ e cortou o preço-alvo em 32%, de R$ 21,40 para R$ 14,50.
A uma hora do fim do pregão, a ação da BRF cai 6,5%, cotada a R$ 16,32.
Os analistas Thiago Bortoluci e Galdino Falcão dizem que o momentum para os resultados da empresa perdeu força, e isso poderá pesar no desempenho das ações nos próximos 12 meses.
Para eles, a inflação de custos não está mostrando sinais de normalização, o cenário para o consumo interno é desafiador, há espaço limitado para novos aumentos de preços, e os consumidores já estão migrando cada vez mais para as proteínas mais baratas.
Eles também disseram que a concorrência da JBS-Seara tem sido intensa – os analistas citam dados da Nielsen dizendo que nos últimos dois anos a Seara ganhou 151 pontos-base em share de mercado agregada em alimentos processados no Brasil, enquanto a BRF perde 525 pontos-base.
Para os analistas, o cenário externo também traz riscos para a empresa, primeiro porque a normalização do rebanho de animais domésticos na Ásia levou os preços da carne suína para níveis estruturalmente mais baixos, o que pode afetar o EBITDA da BRF. Além disso, existe o efeito câmbio, já que o real se valorizou 4,7% em relação ao dólar no primeiro trimestre.
A estimativa da Goldman é de um EBITDA de R$ 5,1 bilhões para a BRF em 2022 – 13% abaixo do consenso Bloomberg.
Os analistas esperam que a empresa feche o ano com uma alavancagem de 2,9x – próxima da zona de conforto de 3x do management e apesar do follow-on recente, de R$ 5,4 bi.
Se o papel negociar ao preço-alvo, a BRF estará a 5,5x EV/EBITDA para o próximo ano, em linha com as mínimas de 2020-2021 e um desconto de 27% em relação à média dos últimos três anos.