A Go4it, empresa de gestão de ativos esportivos fundada por Marc Lemann, acaba de investir na Strava, o aplicativo que se tornou uma paixão e um vício para os esportistas hardcore. 
 
Usado principalmente por ciclistas e corredores, o aplicativo potencializa a experiência do esporte permitindo que o usuário meça sua performance diária em circuitos específicos, compare-na com a de atletas consagrados e se conecte a outros atletas fazendo circuitos no mundo todo. A empresa diz ser ‘a rede social para aqueles que se esforçam’. 
 
A Strava não divulga o número de usuários — uma estimativa recente era de 2 milhões de usuários ativos — mas o engajamento está crescendo.  Em 2016, os usuários da Strava fizeram o upload de 9,6 atividades a cada segundo, um crescimento de 81% em relação ao ano anterior.

Fundada em 2009 por dois amigos (ambos ciclistas), a rede social funciona num modelo ‘freemium’ — a parte básica do aplicativo é gratuita, e a versão premium, com mais funcionalidades, é acessível com uma assinatura de US$ 59/ano.  A empresa tem outras duas linhas de receita:  a venda de equipamentos online e a venda de informações sobre trajetos percorridos por seus usuários para prefeituras, que usam os dados para planejamento urbano e de trânsito.
 
Esta foi a quinta rodada de financiamento da Strava. Todos os investidores que já estavam na companhia —  a Sequoia Capital, uma das maiores gestoras de venture capital do mundo, a Jackson Square Ventures e a Madrone Capital Partners — acompanharam a Go4it.
 
Ao anunciar a rodada ontem, a Strava também anunciou que Kevin Weil, chefe de produto no Instagram, passará a fazer parte do seu conselho de administração.
 
Ao usar a Strava, o esportista fica mais disciplinado e inspirado a se superar a cada dia. O lado negro é que a competição incentivada pelo app pode ser viciante.  “Tem gente que se dopa pra ficar bem ranqueado,” diz um usuário.  Em 2012, a família de um usuário do Strava que morreu num acidente de bicicleta processou o aplicativo por ‘negligência’, alegando que a Strava incentivou o usuário a pedalar em alta velocidade — o que teria causado o acidente fatal.   Meses depois, a Strava processou a família, alegando o óbvio:  ao aderir os termos de uso do aplicativo, o usuário exime a empresa de responsabilidade civil. (Em 2013, uma juiza deu ganho de causa à Strava, dizendo que o usuário sabia que ciclismo é uma atividade intrinsicamente arriscada.)
 
Em São Francisco, onde o app nasceu, os viciados no aplicativo já têm uma piada interna: “If it’s not on Strava, it didn’t happen”.
 
São Paulo, onde o triatlon é o esporte da moda, tem o trecho mais percorrido do mundo no Strava: a “bolinha” da USP, na Praça da Reitoria. Outro trecho favorito:  a Ciclovia do Rio Pinheiros. 
 
Marc Lemann, o fundador da Go4it, é um aficcionado por esporte como o pai, Jorge Paulo, campeão de tênis e ex-surfista.

A Go4it é uma holding que, de um lado, investe em empresas de tecnologias esportivas inovadoras e, de outro, representa atletas, ligas e marcas. A empresa tem parcerias com a World Surf League, o UFC e o Flamengo, e gere a carreira de atletas como Gabriel Medina, o campeão mundial de surf, e Thiago Silva, o capitão do Paris Saint-Germain.