A ação da Gerdau caiu 15% desde o início do ano, enquanto o Ibovespa subiu 4% no período. Ao mesmo tempo, os fundamentos da siderúrgica continuam robustos, com resultados fortes que têm batido as projeções do mercado.
Para o BTG, isso é uma assimetria inexplicável e faz do papel uma compra, com preço-alvo de R$ 39. A ação negocia ao redor de R$ 24.
“O primeiro trimestre teve resultados acima do esperado e marcou a sétima vez consecutiva que a companhia bateu o consenso de mercado nos últimos dois anos,” escreveu o analista Leonardo Correa. “Apesar das preocupações de uma potencial recessão nos EUA pesando sobre a ação, a visibilidade dos lucros para os próximos trimestres é alta e positiva.”
No Brasil, o BTG acredita que o período de baixa lucratividade da Gerdau já ficou para trás, apesar dos desafios de aumentar preços por conta da demanda ainda fraca.
Para o banco, a Gerdau combina um earnings momentum forte com um valuation atrativo. A ação negocia a apenas 3x o EBITDA desde ano e a um free cash flow yield de 20%.
Nas contas do BTG, o papel deve pagar cerca de 15% de dividend yield este ano (o mais alto da cobertura do BTG).
“Com a alavancagem perto do target, abaixo de 0,5x o EBITDA, acreditamos que há bastante espaço para retornos em dividendos. Não vemos nenhuma mudança no perfil de capex da companhia no médio termo, que deve ficar em R$ 5-R$ 6 bilhões por ano,” um nível que o banco acha bom.
Sobre os Estados Unidos, o analista diz que apesar das “narrativas”, as perspectivas para as siderúrgicas são “altamente positivas segundo o feedback de múltiplos CEOs”.
“Os pedidos para o segundo e terceiro trimestres continuam robustos, indicando nenhum sinal de colapso na demanda ou na lucratividade no futuro próximo,” escreveu o analista. “Além disso, o Inflation Reduction Act, o Chips Act e a Infrastructure Bill, além das tendências do nearshoring, têm o potencial de estimular a demanda por aço por muitos anos.”
O analista nota que o consenso do mercado é de uma redução significativa de 50% no EBITDA dos Estados Unidos em 2023, “um cenário que achamos altamente improvável.”
O BTG modela uma redução de 30% no EBITDA dos EUA este ano, o que ele já considera um cenário bem pessimista.
No Brasil — onde a Gerdau tem enfrentado desafios para aumentar os preços, uma forte concorrência e uma demanda fraca — o BTG acha que a lucratividade já chegou ao fundo do poço, com a margem EBITDA batendo 11% no quarto tri.
“Olhando para a frente, antecipamos um pequeno ajuste nos preços de 2% a 5% nos próximos meses, o que deve contribuir para uma melhora nas margens, e a continuidade do controle nos custos (que já tem gerado resultados positivos,” diz Corrêa.
O analista diz que checagens dos canais de venda sugerem que o ambiente competitivo, particularmente em relação a peers como a ArcelorMittal, “mostrou sinais de melhora, com esforços mais coordenados de recomposição de margens.”