O preço do ouro bateu um novo recorde na sexta-feira – e mesmo depois de ter subido quase 40% em um ano e 80% desde o fim de 2022, parece longe do pico.
A onça-troy está sendo negociada pouco acima de US$ 3 mil pela primeira vez (uma onça-troy equivale a 31,1 gramas).
Com a alta, a cotação atingiu o preço-alvo do UBS, que elevou sua projeção para o metal pela terceira vez desde setembro. Agora, o banco projeta uma cotação de US$ 3,2 mil em junho.
“Montaríamos posições long em eventuais recuos de preço,” o banco disse num relatório publicado hoje.
A valorização do ouro se deve à alta da demanda, causada principalmente pelo aumento do risco geopolítico e o medo de uma escalada da inflação.
Os bancos centrais vêm investindo mais em ouro há 15 anos, mas o movimento mudou de patamar depois da guerra na Ucrânia, quando EUA e Europa congelaram as reservas russas aplicadas em títulos públicos de seus países.
De lá para cá, novos conflitos e as incertezas provocadas pelo Governo Trump contribuíram para elevar os investimentos no metal.
Desde 2022 os BCs estão comprando o equivalente a cerca de mil toneladas de ouro por ano – o dobro do patamar dos anos anteriores.
“Estamos no meio de um grande rearranjo global que tem como um resultado visível a valorização do ouro. A geopolítica passou a fazer preço,” disse Felipe Miranda, o CIO da Empiricus.
“Quem vai querer ter reservas em dólares sendo alvo da guerra comercial dos EUA?”
Além disso, na falta de outras moedas que sejam reserva de valor, o ouro também é visto como hedge contra um possível aumento da inflação – que poderia ser provocado pelo aumento das tarifas de comércio e pela elevação dos gastos públicos em países europeus e na China.
“Reconhecemos que o mercado está num overbought técnico, mas acreditamos que o sentimento predominante entre os investidores continua sendo de cautela em relação às ações dos EUA e de confiança no ouro,” disse o UBS.