Dois meses depois de estrear na Bolsa, a Oncoclínicas anunciou ontem à noite que Bruno Ferrari, o fundador da companhia, está assumindo o posto de CEO.

Luis Natel, que exercia função desde 2016, pediu para deixar o dia a dia da empresa.

“Nós já tínhamos um plano de sucessão e eu já vinha me preparando para assumir essa função”, Bruno disse ao Brazil Journal. Segundo ele, a empresa ainda tem “muita coisa para fazer” mas já cumpriu seu programa inicial de aquisições até 2023, e isso teria precipitado o processo sucessório.  A Oncoclínicas já fez cinco aquisições desde o IPO.

“Há três semanas, o Natel nos procurou, disse que desejava sair do dia a dia, que o time estava em campo e as estruturas da empresa rodando muito bem. Achamos que seria um bom momento para a troca,” disse Bruno. O mercado reagiu bem à troca: no final da manhã, o papel sobe quase 2%.

Desde que fundou a empresa há 11 anos, Bruno ocupava a presidência do conselho, embora sempre acompanhasse de perto a empresa.

Agora, como CEO, ele terá o papel de interagir com sócios, médicos e fontes pagadoras do grupo, enquanto a parte operacional ficará com Rodrigo Medeiros, que está no conselho desde junho de 2020 e, em junho deste ano, pouco antes do IPO,  assumiu como COO.

“A chegada do Rodrigo já era parte do nosso plano de sucessão. Ele vai cuidar de perto da integração operacional das empresas adquiridas,” disse Bruno.

Rodrigo foi CFO da Rossi Residencial (2013-2015) e da Cell Site Solutions (2015- 2020) e, até abril deste ano, CEO da IHS Towers Brasil.

Na nova estrutura, os diretores da empresa vão se reportar a Rodrigo, que será um vice-presidente executivo e se reportará a Bruno. Luis Natel continuará um senior advisor da empresa; antes da Oncoclínicas, ele teve passagens pela URP Diagnósticos (incorporada pelo Fleury), Notre Dame Intermédica e Hospital Albert Einstein.

Bruno reconhece que não é comum uma empresa trocar o CEO logo após a chegada à Bolsa, mas se diz confortável em assumir a função num processo sem rupturas.

No IPO, a Oncoclínicas levantou R$ 500 milhões em oferta primária para expansão orgânica e via aquisições. A operação movimentou R$ 1,3 bilhão numa tranche secundária em que a Goldman Sachs reduziu sua participação na empresa de 93,5% para 58%.

O fato relevante na noite de ontem surpreendeu o mercado, já que não havia qualquer indício da saída de Natel — o executivo tinha uma agenda de reuniões com investidores, com alguns compromissos recém-agendados para a semana que vem.

A informação que circulava ontem entre analistas e investidores era de que Natel queria “desacelerar” depois do IPO, enquanto o restante da administração entende que a empresa precisa acelerar seu crescimento.