Diálogo típico dos últimos meses na atormentada cadeia de fornecedores da Petrobras.

Empreiteira: “Construímos a plataforma no prazo que o governo exigiu para ajudar no superávit comercial. A conta estourou e estamos cobrando, mas não nos pagaram ainda…”

Fornecedor de Porte Médio: “Ok, mas eu também tenho contas pra pagar. Quando você pode honrar a fatura?”

Empreiteira: “Veja bem: Se eu te pagar, a Petrobras vai me enrolar ainda mais. Tenho que poder ir lá dizer que você também está sem receber.”

Fornecedor: “Mas eu não consigo esperar mais, eu não tenho mais recursos.”

Empreiteira: “Mais um motivo para pedir a Petrobras que nos pague logo!”

Fornecedor: “Mas eu não tenho contrato com eles, nem sei a quem procurar!!!”

Empreiteira: “Bom, isso é problema seu…”

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Desabafo do CEO de uma empresa média, da cadeia da Petrobras: “Todo este papo de desenvolver a cadeia local de empresas para aumentar o conteúdo nacional está caindo por terra como consequência da falta de caixa pelos atrasos nos reajustes de preço da gasolina.”

“O governo também diz que quer apoiar as pequenas e médias empresas, mas ao criar uma cultura de atraso nos seus pagamentos acaba por inviabilizar uma cadeia de suprimentos organizada e planejada. Os primeiros a quebrar são os pequenos e médios, e não os grandes fornecedores com acesso a capital de giro.”