A assinatura de carros ganhou força como tendência internacional, não só no Brasil. Consumidores jovens ou com pouco dinheiro preferem não despender recursos em um bem que perdeu o símbolo de status que tinha no passado.

Mas a grande pergunta que consumidores – e agora os analistas – se fazem é: “do ponto de vista financeiro, faz sentido assinar um carro, em vez de comprá-lo?”

“Acreditamos que sim,” respondem os analistas do BTG no relatório The Car Subscription Case in Brazil, publicado hoje. Para eles, o total de assinaturas deve mais que triplicar nos próximos anos, e as as grandes beneficiárias do modelo de assinatura serão Localiza e Movida.

Nos cálculos dos analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, assinar um carro custa, em média, 40% menos do que comprá-lo por meio de um financiamento e 14% mais em conta do que adquiri-lo em cash, à vista. Na conta entram fatores como depreciação, seguro, manutenção e, claro, o custo de oportunidade.

Dessa maneira, há um grande potencial de migração para a assinatura tanto na frota de veículos das pequenas e médias empresas como entre os compradores individuais.

Atualmente, a frota de carros por assinatura no País é de 106 mil veículos. Nas estimativas do BTG, esse número deve subir para 402 mil até 2032, um crescimento médio de 14,3% ao ano (CAGR 22-32).

Para chegar à projeção, os analistas levaram em conta a estimativa de crescimento da frota brasileira no período e calcularam uma migração gradual para os serviços de assinatura.

Na frota comercial, por exemplo, existem aproximadamente 2,5 milhões de veículos em circulação. Desses, apenas 13 mil são por assinatura.

Apesar de algumas montadoras terem lançado no País seus próprios serviços de assinatura, os maiores players do mercado nesse segmento são as grandes locadoras. Segundo o BTG, a Localiza tem hoje 38% dos contratos de assinatura e a Movida, 24%. Os outros ficam com os 38% restantes.

E são justamente as grandes locadoras que têm mais capacidade de ganhar mercado. O BTG projeta que a Localiza poderá ampliar seu share para 45% até 2032, e a Movida, para 35%.

No caso da Localiza, 22% de sua frota total deverá ser de carros por assinatura. Para a Movida, esse segmento deverá ser ainda mais relevante: até 45% da frota.

Para o BTG, esse crescimento dependerá da entrega de produtos e também da disponibilidade de capital para as companhias financiarem a expansão da frota de assinatura. “Mas como acreditamos que esse segmento tem uma lucratividade maior que outros produtos, esperamos que as locadoras vão priorizar a expansão de suas frotas nesse serviço,” dizem os analistas.