Nelson Kaufman decidiu voltar atrás em sua decisão de assumir o comando executivo da Vivara, uma atitude de pragmatismo e humildade depois da reação negativa que derrubou o valor de mercado da companhia, pessoas a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

Numa solução que busca mostrar que a tese de investimento permanece inalterada, a Vivara deve anunciar amanhã que Otavio Lyra, o CFO da empresa desde o IPO, assumirá como CEO, enquanto Kaufman – o fundador e maior acionista da companhia – ficará na presidência executiva do conselho.

“Ele ouviu e respeitou o mercado, e está indo para onde deveria ter ido inicialmente,” disse uma fonte próxima ao empresário.

A Vivara também vai nomear Carolina Lacerda para o conselho, num dos dois assentos independentes deixados vagos com a renúncia na sexta-feira de Anna Chaia e Tarcila Ursini.  Ex-banqueira de investimentos, Carolina está no conselho de empresas como Rumo, PagBank e BB Seguridade.

Kaufman passou a semana conversando com investidores, analistas e banqueiros de investimento — incluindo uma conversa com André Esteves intermediada pelo empresário João Camargo, um velho amigo de Kaufman.

Nas conversas, Kaufman esclareceu o que quis dizer quando anunciou planos de “internacionalizar a companhia.” Segundo ele, não se trata de tentar competir com players dos EUA e Europa — e sim em mercados da América Latina cujas dinâmicas são mais parecidas com a do mercado brasileiro.

O empresário notou que frequenta congressos de ourives há 30 anos e entende bem a dinâmica da região.

“Não se trata de fazer isso [internacionalizar] queimando caixa nem alavancando a companhia,” disse uma pessoa que conversou muito com o empresário nos últimos dias.

Kaufman também tentou dar contexto às críticas que fez à gestão da empresa.  O empresário disse a diversos interlocutores que seu ponto “não era que a Vivara é mal tocada, e sim que ela podia fazer mais.”

“Ele disse que acredita na companhia, e para provar isso comprou mais ações,” disse uma pessoa que conversou com o empresário. Na semana passada, Kaufman aumentou sua participação na Vivara de 25% para 27%, em meio à queda brutal da ação – uma compra de R$ 90 milhões e um valor relevante para o empreendedor, que já tem quase todo o seu patrimônio na empresa.

Um gestor disse que, no final, o valor de mercado Vivara vai depender do resultado que a empresa conseguir entregar, mas, “para um bilionário de 71 anos que fez a empresa do zero admitir que errou e tentar consertar, eu acho que isso deve ser aplaudido.”

Numa de suas frases mais conhecidas, John Maynard Keynes disse: “Quando os fatos mudam, eu mudo.”

Nelson Kaufman é um neokeynesiano.