Com a aquisição, a Sequoia passa a ter 16% de share nas entregas de todo o ecommerce brasileiro, segundo dados da Ebit Nielsen.
Esta é a quinta aquisição da história de companhia, que ao longo dos últimos oito anos construiu uma malha que hoje atende 2.600 cidades brasileiras e deve faturar R$ 800 milhões este ano e R$ 1 bilhão em 2020.
Os números fazem da Sequoia uma candidata ao pipeline de IPOs para o final de 2020 ou 2021. A companhia tem uma margem EBITDA de 10% e — como não é dona de ativos físicos — seu retorno sobre o capital investido gira em torno de 25%. (A empresa aluga todos os CDs que usa.)
Segundo uma fonte próxima da empresa, há uma outra aquisição pendente, que pode adicionar mais R$ 300 milhões ao faturamento da companhia.
O Warburg Pincus tem 70% da empresa, seguido do fundador Armando Marchesan, com 27%.
Empresas de logística tradicionais como a Total e a Direct Express fazem a entrega de pequenos pacotes apenas na chamada última milha. Já a Sequoia oferece uma solução completa: faz toda a gestão de ecommerce para o cliente, seja ele uma startup ou um cliente que já tenha uma marca e queria ir para o ecommerce.
Para otimizar a logística, a Sequoia construiu uma malha nacional com um 5 hubs centrais, 326 bases e milhares de entregadores. A companhia cria rotas, automatiza CDs e faz o fracionamento das mercadorias. Com essa malha, consegue atender 70% do volume com next-day delivery.
A companhia tem o Mercado Livre e o Magazine Luiza entre seus maiores clientes e, recentemente, passou a atender parte dos clientes Prime da Amazon, além de entregar 60% das cápsulas Nespresso no Brasil — no máximo em 2 dias.
Antes de fundar a Sequoia, Marchesan trabalhou 10 anos no Submarino — da fundação ao IPO e a fusão com as Lojas Americanas. Seus ex-colegas de Submarino Flavio Jansen e Martin Escobari, hoje na General Atlantic, têm 3% da empresa. Ao sair da B2W, Marchesan passou pela Natura, onde fez o projeto que descentralizou a malha logística da empresa de cosméticos, abrindo oito CDs em dois anos.
No início, a Sequoia tinha apenas dois CDs, 35 clientes e faturava R$ 30 milhões. Com o aporte de um fundo de private equity da BR Partners, fez suas duas primeiras aquisições: a Linx Fast Fashion (que pertencia à Linx) e a Celote — que operava logística para as Lojas Renner e a C&A.
A empresa logo se tornou líder na logística de vestuário mas, com o início da Grande Recessão em 2014/2015 e a queda das importações de vestuário, foi em busca de outro nicho.
Passou a atender clientes para quem a logística rápida é crítica, como operadoras de celular que precisam substituir o chip do cliente no dia seguinte e credenciadoras de cartão que precisam entregar maquininhas a lojistas espalhados pelo Brasil.
A Sequoia recebe a maquininha do fabricante em seu CD, faz a customização (implantando o software, colocando o chip e testando), e entrega ao cliente final.
Hoje, a companhia entrega mais de 300 mil maquininhas por mês, e atende todos os adquirentes do mercado exceto a Stone. Devido à capilaridade de sua malha, a companhia é capaz de entregar em quatro horas em 80 cidades, incluindo Cuiabá, Campo Grande e Porto Alegre.
Os concorrentes também ajudaram a Sequoia a chegar à liderança: nos últimos anos, a Total, que pertence ao Grupo Abril, esteve em meio ao turbilhão que desembocou numa recuperação judicial.