Stanley Druckenmiller, o lendário investidor que por mais de uma década administrou bilhões para George Soros, disse hoje que o risco-retorno da Bolsa americana “talvez seja o pior que eu já vi em toda minha carreira.”

Ele acha que a economia não vai se recuperar tão cedo. 

11022 69a280b8 80de 70f6 3775 1c7ff35880be“Rezo para estar errado nisso, mas só acho que essa saída em ‘V’ é uma fantasia,”  Druckenmiller disse hoje à tarde durante uma palestra do The Economic Club de Nova York. 

Desde que bateu na mínima em março, o S&P 500 já subiu quase 30%, levando muitos a acreditar que o pior já passou — e outros a alertar que o mercado ainda pode voltar às mínimas. 

Para Druckenmiller, a injeção de liquidez patrocinada pelo Congresso americano e pelo Fed “foi basicamente uma combinação de transferências diretas a indivíduos, basicamente pagando mais a eles para não trabalhar do que para trabalhar. Além disso, teve muito dinheiro para manter vivas companhias zumbis.”

Alguns participantes do mercado acham que a fala de Druckenmiller contribuiu para derrubar os índices americanos no final do pregão.

“O consenso lá fora parece ser ‘não se preocupe, o Fed vai dar apoio,” disse o gestor que ao longo de três décadas obteve retornos de 30% ao ano, mais do que o Warren Buffett. “Só tem um problema com isso: nossa análise mostra que não é verdade.”  

O comentário parece indicar que ele não considera que a ação do Fed seja suficiente para mudar o curso das coisas. 

Apesar de taxativo, ele fez um hedge: “o coringa nessa história é que o Fed sempre pode intensificar suas compras [de ativos],” disse.

Sobre a excitação do mercado em torna do Remdesivir — o antiviral da Gilead que tem mostrado resultados positivos no tratamento do coronavírus — Druckenmiller se mostrou cético. “Não consigo ver alguém mudando de comportamento por conta do remédio.”

Druckenmiller acha que o efeito da injeção massiva de liquidez nos mercados será deflacionário — ao contrário do que acreditam outros gestores — e fez um comentário elogioso à Amazon.

“Deveríamos nos ajoelhar e agradecer a Deus que essa companhia existe nessa pandemia.”