A Eneva acaba de anunciar a entrada de André Esteves e Rodrigo Alves em seu conselho, num movimento que consolida a posição de controle do BTG Pactual na geradora de energia. 

O BTG já tinha três assentos no board e agora passará a ter quatro de um total de sete.

Esteves e Alves, um sócio da área de private equity do banco especializado em energia, vão substituir Felipe Gottlieb (outro sócio do banco) e Marcelo Medeiros, sócio da Cambuhy Investimentos. 

André EstevesOs conselheiros que permanecem no board são Guilherme Bottura, da Cambuhy; Renato Mazzola, do BTG; Barne Laureano, do BTG; e José Afonso Castanheira e Henri Philippe Reichstul, ambos indicados pelos acionistas minoritários (fundos como a Atmos e Dynamo).

O novo conselho ainda precisa ser aprovado numa assembleia marcada para 31 de abril. A eleição do novo chairman será em 14 de maio. 

Uma fonte próxima ao BTG disse que o presidente do conselho provavelmente será alguém do banco, mas não Esteves.

A mudança no conselho vem meses depois do BTG ter assumido o controle de fato da Eneva, encerrando uma longa disputa de poder com a Cambuhy, um veículo de investimento da família Moreira Salles. 

Em meados do ano passado, a Eneva fez um aumento de capital praticamente todo subscrito pelo BTG. Como parte da operação, a Eneva também fechou um acordo com o BTG para incorporar quatro térmicas do banco, pagando parte em dinheiro e parte em ações.

Depois dessa transação, o BTG elevou sua participação na Eneva de 38% para 48%, enquanto a Cambuhy teve sua participação diluída de 20% para 16%. A Dynamo ainda tem 10% do capital, a Atmos, quase 5%, e a Velt, 1,4%. 

Cambuhy, Dynamo, Atmos e Velt tinham assinado um acordo patrimonial em dezembro de 2022, mas esse acordo expirou em dezembro passado, o que liberou as ações vinculadas a ele para a conta do float, permitindo que a ação volte ao MSCI. (As três gestoras ainda mantêm um acordo de voto entre si). 

O aumento de capital e a incorporação das térmicas do BTG ajudou a Eneva a reduzir drasticamente sua alavancagem, que tinha batido em 4,5x EBITDA e já caiu para 2,4x — um número que deve cair ainda mais com a entrada em operação de novos projetos este ano e no ano que vem.

Com a alavancagem controlada, a Eneva pretende continuar focando no crescimento orgânico de sua operação core: o mercado de gás. 

No curto prazo, o tema mais crucial para a companhia é o leilão de capacidade marcado para 27 de junho, que vai permitir a contração de capacidade das térmicas existentes pelos próximos anos. A Eneva tem dois grandes ativos a serem renovados: Parnaíba 1 e Parnaíba 3, cujos contratos vencem no final de 2027.