É difícil imaginar uma mudança estrutural que gere uma tendência positiva para os ativos locais.

Essa é a conclusão do relatório de perspectivas para a Bolsa brasileira em 2025 que o Santander está publicando hoje. 

“Podemos ver períodos de estabilidade do mercado e até algum rali. Isso é normal em meio à volatilidade. Mas a tendência é negativa,” Aline Cardoso, a head de research do banco, disse ao Brazil Journal.

A saída para quem quer investir na Bolsa em meio a um cenário macro “que não ajuda e muito provavelmente atrapalha” é buscar empresas que possam atravessar bem e até se beneficiar da crise.

“O Brasil virou um value trap. Está barato há três anos e não vemos razão para uma expansão dos múltiplos agora. Mas é possível obter bons retornos em empresas específicas,” diz a estrategista.

Em momentos de crise, empresas líderes e bem ajustadas aproveitam as dificuldades dos concorrentes para ganhar mercado e fazer M&As em boas condições.

Para quem está cético, vale lembrar que isso aconteceu na crise de 2014-2015.

Para chegar a esses nomes agora, a equipe do banco fez duas análises. Primeiro, identificou as companhias abertas que conseguiram repassar aumentos de custo aos preços nos últimos cinco anos – ou seja, as empresas com pricing power.

Depois, selecionou as que geram um retorno sobre o capital investido maior que o custo de capital. Considerando o aumento esperado dos juros, são apenas 35 companhias num universo de cerca de 250 (que inclui as ações do Ibovespa e do índice de small caps da B3).

Essas empresas geram caixa e precisam de menos financiamento num ano em que o custo do capital vai subir. 

Por fim, o Santander mediu o desempenho dessas empresas na crise de 2014-2015. Juntando tudo, chegou à lista de ações recomendadas para 2025.

As dez principais indicações, na ordem, são Itaú, Petrobras, Sabesp, Totvs, Copel, RD, Lojas Renner, Vale, Ambev e Porto.

Sobre Petrobras: “Com a lei das estatais, essas empresas estão sim mais protegidas. Basta ver quantas vezes o CEO mudou, e a gestão continua,” diz Aline. 

Para ela, a empresa vai gerar caixa e pagar dividendos num cenário de preço de petróleo estável.

A Sabesp precisará de capital para fazer investimentos, mas nem tudo em 2025. Além disso, segundo a estrategista, a melhoria da gestão pode gerar recursos adicionais. 

No caso das varejistas, o banco selecionou apenas “as histórias idiossincráticas, que dependem mais da capacidade de execução do que do mercado.”