Ivan Monteiro, um dos CFOs mais respeitados do Brasil, renunciou hoje ao cargo na BRF, para o qual fora nomeado há apenas dois meses.

A saída se deu por recomendação médica.  Segundo pessoas próximas a ele, Ivan tem vivido um processo de esgotamento desde que ajudou Pedro Parente a sanear a Petrobras no Governo Michel Temer.

10157 a98cb07c 74ae 01a9 0000 7ef77c7e064cFuncionário de carreira do Banco do Brasil, Ivan começou a despontar no mercado quando organizou o IPO da BB Seguridade, que gerou bilhões de reais em valor para o banco estatal.

Mais tarde, acompanhou Aldemir Bendine quando o ex-CEO do Banco do Brasil foi nomeado CEO da Petrobras por Dilma Rousseff.

Num País cada vez mais polarizado, alguns tentaram colar em Ivan a pecha de “petista”, mas no mundo corporativo — onde as pessoas valem exatamente o que entregam — seu prestígio só aumentou entre seus pares na medida em que enfrentava os novos desafios.

Sobre esta pecha, Parente conta uma história.

Quando Bendine foi preso na Lava Jato, Ivan colocou seu cargo à disposição.  “Estão dizendo por aí que eu sou do Bendine.”  Parente retrucou:  “Ivan, sou funcionário de carreira:  já fui ‘do Sarney’, ‘do Collor’ e ‘do Fernando Henrique…’   No serviço público, a gente não escolhe nem quem está acima da gente nem quem está abaixo.” 

Na Petrobras, Ivan fez trabalhos de Hércules: conseguiu publicar o balanço (pendente havia meses) depois de criar uma metodologia para estimar o custo que a corrupção cobrou da empresa, organizou e deu início a um amplo programa de desinvestimentos, negociou com a SEC, o DOJ e investidores que moviam uma class action para limpar o nome da empresa, e enfrentou a greve dos caminhoneiros — que mexeu com os nervos de todo o País.  Na BRF, sua principal agenda era a desalavancagem da companhia.

A BRF disse que o COO Lorival Nogueira acumulará temporariamente as funções de Ivan.

Mas os headhunters já podem arregaçar as mangas.  A partir de 17 de junho, Lorival substituirá Parente como CEO e o cargo de COO será extinto.

O momento que Ivan enfrenta agora é um alerta a todos os executivos que trabalham sob forte pressão — mas, certamente, é apenas mais um desafio que ele vai superar.