A Eneva está em conversas avançadas para comprar o projeto do Terminal Portuário de Macaé (TEPOR), um ativo que demandará investimentos de mais de R$ 1 bilhão e permitirá à companhia implementar seu plano de desenvolver térmicas na costa, fontes a par da negociação disseram ao Brazil Journal.

O projeto está alinhado com a estratégia do CEO Pedro Zinner de desenvolver um hub de gás, composto de térmicas, infraestrutura associada e um terminal de regaseificação de GNL, o gás natural liquefeito, segundo essas fontes.

Os planos da Eneva vêm num momento em que o País enfrenta uma crise hídrica aguda, aumentando dramaticamente a necessidade das chamadas ‘térmicas na base’ — aquelas que estão disponíveis 24 horas por dia e conectadas por dutos aos navios que trazem o gás.   

Hoje, todo o negócio da Eneva é o chamado ‘gas to wire’ — que consiste em usar o gás extraído no Maranhão e Amazonas para alimentar térmicas na chamada ‘boca do poço’ e em seguida escoar essa energia elétrica por linhas de transmissão para todo o sistema interligado do País.

Mas para usar o gás importado ou o gás do pré-sal, a companhia desenvolveu a estratégia de ‘gas to power’, ou seja: criar uma logística de recebimento de gás na costa e construir térmicas adjacentes. 

Por sua localização estratégica, Macaé tem acesso tanto ao gás do pré-sal (hoje o mais competitivo) quanto ao gás importado.

O TEPOR — que tem todas as licenças ambientais desde 2019 — terá um terminal de líquidos e apoio offshore e outro para movimentação de petróleo, com dois berços de atracação aptos a receber navios VLCC e movimentar de até 2 milhões de barris de petróleo por dia, segundo o site da companhia de engenharia que desenvolveu o projeto.

Depois de anos deficitária de gás para cumprir todos os seus contratos de fornecimento, a Eneva conseguiu passar a uma posição superavitária com o sucesso de suas campanhas exploratórias e com as aquisições dos campos de gás de Juruá e Azulão, ambos no estado do Amazonas.

Agora, a companhia está desenvolvendo estratégias de comercialização para este excedente — e a construção de térmicas na costa faz parte disso.

O controlador do TEPOR é o Grupo Vale Azul, que desenhou o projeto de engenharia.