A Eneva fechou um contrato de fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) para as instalações industriais da Suzano na cidade de Imperatriz, no Maranhão – marcando a primeira vez que a companhia faz uma venda para terceiros.

O acordo tem impacto pouco material no market cap da Eneva, mas é um marco na estratégia do CEO Pedro Zinner de ampliar as opções de monetização do gás natural da companhia.

“A empresa está mostrando que há chances de conseguir outros usos para seu gás além das térmicas,” disse um gestor, que acredita que a Eneva poderá terminar o ano muito alavancada. “Com o nível dos reservatórios agora em alta, diminui a necessidade de despacho térmico porque as renováveis e as hídricas suprem o mercado.”

10679 25c6b66e 4734 0f6b 2ba1 ffccfd6e5f96Por volta das 13h30, a ação da empresa subia 2,5% para R$ 15,29, enquanto o Ibovespa subia 1%.

A Eneva não informou os volumes e o valor do contrato com a Suzano, só disse que ele terá prazo de 10 anos a partir do início do fornecimento, previsto para 2024.

A empresa vai fornecer o GNL a partir de suas concessões na Bacia do Parnaíba, onde será instalada uma unidade de liquefação de gás natural com capacidade instalada de 300.000 m3 /dia.

A companhia estima um investimento de R$ 530 milhões para atender a Suzano “majoritariamente”, bem como outros potenciais clientes na região.

No Citi, o analista Antonio Junqueira calculou a capacidade anual da unidade e estimou que, se a Eneva vender 50% do total para a Suzano a US$ 8/mmbtu, o contrato poderá gerar uma receita de cerca de R$ 80 milhões ao ano.

Segundo Junqueira, a Eneva possui cerca de 20 anos de reservas de gás natural em Parnaíba e vender parte delas no mercado livre é uma boa alternativa porque a empresa pode antecipar a venda do gás que ficaria no solo por anos, além de fazer negócio a preços melhores quando comparados ao contrato do reservatório atualmente em vigor.

O analista do Citi disse ainda que a Eneva vem falando abertamente sobre as oportunidades de comercialização de gás nos últimos dois anos – mas não havia fechado nenhum negócio até ontem.

“O contrato dá à Eneva a confiança na construção de uma unidade de GNL para atender não apenas a Suzano, mas também alguns futuros clientes”, escreveu o Citi. “Por enquanto é apenas uma capacidade de produção de 0,1bcm/ano. Embora seja apenas um cliente e pareça um pequeno passo, acreditamos que não é…”