Um grupo de 22 países, incluindo os EUA, o Reino Unido e a França, defendeu triplicar a capacidade global de produção de energia nuclear até 2050 como forma de reduzir a emissão de carbono nas próximas décadas.
A declaração conjunta foi divulgada durante a COP28, em Dubai.
Apesar da queda de investimentos nos últimos anos, a energia nuclear é a segunda principal fonte internacional de energia limpa. Seus defensores dizem que será impossível alcançar a meta de emissões ‘net zero’ até 2050 sem um maior uso dessas usinas.
A meta de triplicar a geração nuclear faz parte do cenário apresentado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) para evitar que a elevação da temperatura global ultrapasse 1,5ºC.
“A energia nuclear está de volta,” Emmanuel Macron, o presidente francês, disse em Dubai. Segundo Macron, os pequenos reatores modulares são “uma solução indispensável.”
O Greenpeace da França condenou a declaração, disse que é uma “falsa solução” e criticou a “obsessão pró-nuclear” de Macron.
Um estudo da International Energy Agency, um órgão ligado à OCDE, indicou que a redução da oferta de energia nuclear tornará mais difícil e custosa a transição para uma matriz limpa.
“Não dá para ser net zero até 2050 sem a energia nuclear,” disse o enviado dos EUA para o Clima, John Kerry.
Uma vantagem adicional das usinas atômicas é que elas podem ser instaladas próximas das áreas de consumo. São ainda mais flexíveis e ocupam uma área menor do que as alternativas, como por exemplo as hidrelétricas.
“Triplicar a capacidade de energia nuclear até 2050 oferece ao mundo um caminho realista e prático para atingir as metas de emissão zero de carbono,” disse o diretor-geral da Nuclear Energy Agency, Wille Magwood. “Temos os estudos para nos dizer o que precisa ser feito. Agora é hora de agir.”
Os líderes dos países defensores da opção nuclear pediram que o Banco Mundial, os bancos regionais de desenvolvimento e os organismos multilaterais incluam as usinas atômicas em seus projetos e promovam essa fonte de energia.
Globalmente, a capacidade nuclear instalada é de aproximadamente 375 GW, e pelas projeções atuais deverá alcançar 631 GW em 2050, segundo o S&P Global Commodities Insights.
David Tong, pesquisador da Oil Change International, disse ao New York Times que a declaração a favor das usinas atômicas é pouco realista por causa dos custos e do tempo necessário para construir usinas nucleares.
“É uma defesa para benefício político. Não reflete o papel que a fonte nuclear deverá ter na transição energética,” disse.
Segundo a S&P, seis novos reatores foram acionados em 2022 – dois na China e os demais na Finlândia, no Paquistão, na Coreia do Sul e nos Emirados Árabes Unidos.
Oito novos projetos foram iniciados – cinco na China, dois no Egito e um na Turquia.
Até 2030 a China ultrapassará os EUA como o país com a maior capacidade de geração nuclear. A França fica em terceiro.
A Alemanha, em contrapartida, acaba de fechar seus três últimos reatores em atividade.