Carlos Sanchez não desistiu da Hypera.
O controlador da EMS tem procurado investidores da Hypera para construir apoio e apontar até três conselheiros na próxima assembleia, incluindo Lírio Parisotto, um grande investidor em Bolsa e amigo íntimo de Sanchez, pessoas procuradas para discutir o assunto disseram ao Brazil Journal.
As gestões incluem visitas do próprio Sanchez e do CFO da EMS, Thiago Tavares.
Hoje Sanchez tem entre 6% e 8% da Hypera, enquanto Lírio tem entre 1,5% e 3%, disseram as fontes. Pela matemática, se pedirem voto múltiplo na assembleia de abril e não conseguirem arregimentar mais apoio, a posição dos dois somada lhes permitiria eleger apenas um conselheiro.
Mas as conversas para tentar ganhar representação no board já chamaram a atenção do conselho e de acionistas da Hypera – incluindo o próprio fundador João Alves de Queiroz Filho, o Júnior – que pretendem contestar a ambição do concorrente.
“Vai haver muita discussão se o Sanchez pode indicar conselheiros, dado que ele fez uma OPA pela companhia e é o maior concorrente da Hypera,” disse uma fonte próxima ao conselho. “Vai ter guerra.”
Um gestor que tem o papel disse que “Hypera e EMS são competidores diretos em várias categorias” e “competem mais entre elas do que o Aché ou a Eurofarma.”
Como Sanchez e Lírio são amigos próximos – têm sociedade num barco e adegas de vinho, e Lírio administra uma parte do capital de Sanchez – uma eventual discussão jurídica envolveria também o potencial impedimento de Lírio.
Os planos de Sanchez – que em outubro fez uma oferta pela Hypera logo rechaçada pelo conselho – vêm num momento em que Júnior costurou um novo acordo de acionistas e expandiu sua tenda societária na Hypera.
Desde a oferta da EMS, Júnior, seus sócios mexicanos e o Grupo Votorantim compraram mais ações, e hoje possuem juntos 54% do capital da Hypera – o suficiente para barrar qualquer oferta.
Esta nova aliança se reflete na proposta de chapa para o conselho publicada ontem à noite pela Hypera.
A Votorantim indicou dois membros – Claudio Ermírio de Moraes e o CEO do grupo, João Schmidt – enquanto o próprio Júnior está voltando ao conselho depois de sete anos.
A Hypera – o resultado de 26 aquisições e mais de 5 vendas de ativos – fechou o dia ontem valendo R$ 12,7 bilhões na Bolsa.
O papel negocia a R$ 20, abaixo dos R$ 30 que a proposta da EMS atribuiu ao papel no final de outubro.
Em sua defesa, a Hypera está trabalhando com o Bank of America e está sendo assessorada pelo BMA, Cescon Barrieu e Trindade Advogados.