A correção de preços no mercado nos últimos meses está levando diversas empresas a pedir um waiver à B3 para fazer programas de recompra de ações que reduzirão o free float a percentuais abaixo dos 25% exigidos pelo Novo Mercado e Nível 2.
Kora, Brisanet e Multilaser, que fizeram IPOs ano passado, e a JSL, que chegou à Bolsa em 2020, já conseguiram a dispensa da Bolsa. Os pedidos que ainda estão em análise não ficam públicos.
A análise desse tipo de pedido por desenquadramento da quantidade de ações em circulação no mercado – seja por conta de recompra ou qualquer outro motivo – tem sido rotina para a Bolsa nos últimos anos.
Os pedidos são analisados caso a caso pela B3 e as decisões são divulgadas pela Bolsa e pelas empresas para o mercado.
O site da Bolsa informa que de 2009 até hoje já foram analisados 65 pedidos por desenquadramento do free float – sendo que 17 companhias fizeram essa solicitação mais de uma vez. A B3 só indeferiu os pedidos em três ocasiões.
Atualmente, 16 companhias estão dispensadas do cumprimento do free float mínimo – seja do Novo Mercado ou do Nível 2 – por diversos motivos; quase todas fizeram o IPO recentemente.
Além de Kora, Brisanet, Multilaser e JSL, a lista tem Raízen, 3tentos, Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Cruzeiro do Sul Educacional, CSN Mineração, Blau Farmacêutica, Iguá, Dasa, Quality Soft, Alphaville, Guararapes e BMG.
O tema vem sendo tão frequente nos últimos anos que a B3 abriu uma audiência pública no fim do ano passado em que propôs a redução do percentual mínimo de free float de 25% do capital para 20%.
A regra atual também prevê que as companhias do Novo Mercado mantenham 15% das ações em circulação desde que o volume médio diário de negociação do papel se mantenha igual ou superior a R$ 25 milhões.
A ideia da Bolsa é estender essa possibilidade para todos os níveis de governança e reduzir o volume diário para R$ 20 milhões.
Além disso, companhias que fizeram IPOs podem manter um free float mínimo de 15% desde que o volume financeiro da oferta seja superior a R$ 3 bi – a Bolsa quer reduzir esse valor para R$ 2 bi.
A audiência pública deve ser encerrada nos próximos dias.