Depois da publicação de um relatório da XP sobre a remuneração dos executivos de companhias listadas, diversas empresas citadas entraram em contato com o Brazil Journal questionando os números do estudo.
A Hapvida, que aparece no relatório como a terceira empresa com a maior remuneração no ano passado, disse que o número apresentado pela XP é “mais fictício do que real.”
O CFO Luccas Adib disse que o número real da remuneração de 2024 é de cerca de metade do valor apresentado no estudo.
Segundo ele, o principal erro do relatório está na contabilização integral do stock option plan, já que, dado o preço da ação, uma parte relevante dele deve virar pó em 2026, não gerando nenhuma despesa para a companhia.
“O strike price do stock option é de R$ 6,50. Então muito provavelmente não vai ter o exercício disso. É algo puramente contábil,” disse ele. A ação da Hapvida negocia hoje a R$ 2,20.
O estudo da XP calculava a remuneração total da Hapvida em 2024 em R$ 111 milhões.
Já o CEO da PRIO, Roberto Monteiro, disse não ter ideia de onde o relatório tirou o valor da remuneração da companhia em 2024.
No estudo da XP, a remuneração total da companhia no ano passado é calculada em R$ 182 milhões, mas Roberto disse que o número real é R$ 26,2 milhões. “O número correto é 7x menor do que o que eles usaram,” disse Monteiro.
A Serena Energia — que aparece no relatório como a empresa que mais aumentou sua remuneração de 2021 a 2024 — também questionou os números.
A companhia disse que o aumento real no período foi de 103%, e não de 521% como aparece no relatório.
“O erro da XP foi olhar para um fato relevante da Omega Energia, que não teve uma consolidação pro forma para o ano de 2021,” disse o CEO Antonio Bastos.
“E mesmo os números reais incluem opções, e muita coisa virou pó por conta de mercado e preço de ação. Ou seja, nem de longe estamos na lista de maiores incrementos sob qualquer métrica que se use.”
Por fim, a Vale também questionou um número do relatório: segundo a empresa, a remuneração média por executivo foi de R$ 18 milhões em 2024 e não de R$ 22 milhões como aparece no estudo.
A XP disse que todos os números usados no relatório foram retirados exclusivamente dos formulários de referências das empresas, com os dados realizados de 2021, 2022 e 2023 e os dados projetados para 2024.
Segundo a companhia, isso levou a algumas discrepâncias porque as companhias podem ter modificado esses valores depois, sem atualizar o formulário.
Por conta desses erros, a XP disse que optou por remover o material de seu sistema.