Michael Hartnett, o estrategista-chefe do Bank of America e um dos analistas mais respeitados de Wall Street, sugeriu hoje que as ações de mercados emergentes vão superar todas as outras classes de ativos este ano.
Em um relatório publicado hoje, Hartnett traça um cenário de dólar perdendo força e recuperação na China. “Nada vai funcionar melhor do que as ações dos mercados emergentes,” escreveu.
Em sua compilação semanal dos fluxos nos mercados, o estrategista observa que o índice MSCI Emerging Markets (excluindo a China) subiu 20% no último mês e tem fôlego para avançar ainda mais, superando o teto de 4.500 pontos dos últimos anos.
Um gráfico do relatório mostra que o índice registrou picos de valorização em 2007, 2021 e 2024.
Para Hartnett, a alta do yield dos Treasuries de 30 anos poderá abortar a recuperação das ações nos EUA – sobretudo se a rentabilidade dos títulos ultrapassar os 5%. O yield negocia em ligeira baixa hoje, a 4,9%.
No relatório, o BofA observa que o os trades da “paz” estão batendo os da “guerra” neste ano, com as Bolsas de Teerã e Tel Aviv atingindo suas máximas históricas.
O rublo russo já subiu 41% em 2025, enquanto o ativo com pior desempenho no ano é o petróleo, com queda de 12%.
No documento, Hartnett faz uma breve comparação dos efeitos de dois momentos históricos em que houve “dividendos de paz,” nos anos 70 com o fim da Guerra do Vietnã, e no início dos anos 90, com a queda da União Soviética.
Nos anos 70, houve grande volatilidade macro, protecionismo e inflação elevada. As ações que se saíram melhor foram o grupo restrito das “Nifty Fifty” – as ações de grande capitalização e maior crescimento, o equivalente, na época, às “Magnificent 7” de hoje.
Nos anos 90, ao contrário, houve privatizações, abertura e inflação reduzida – e um delicioso bull market no mercado de ações e títulos.
Hartnett comenta que os yields dos títulos públicos vão “dizer” se o “combo populista dos EUA” de menos guerra, redução do Governo, aumento das tarifas e combate à imigração resultará em um ambiente “inflacionário” como nos anos 70 ou “desinflacionário” como no início dos anos 90.
“Para nós, 2025 vai surpreender com rentabilidades menores dos títulos e desinflação, mas a perspectiva secular continua bearish para os títulos públicos,” diz o relatório.