Diferenciar os países emergentes dos desenvolvidos ficou menos óbvio – e isso deveria alterar a forma como os investidores enxergam esses mercados, disse o UBS Global Wealth Management num relatório publicado ontem.

“As linhas que antes separavam claramente esses mercados estão se desfazendo,” escreve Alejo Czerwonko, o CIO de mercados emergentes nas Américas.

Para Czerwonko, que também é professor adjunto na Columbia University, a maioria dos investidores ainda confia nos provedores de índices, como a MSCI e o JP Morgan, para separar emergentes e desenvolvidos – mas algumas métricas ficaram ultrapassadas, especialmente quando são usadas para generalizar. 

É o caso, diz ele, do PIB per capita e de índices de pobreza: Coreia do Sul, Chile e Emirados Árabes ainda são classificados como emergentes, embora tenham indicadores melhores que alguns países desenvolvidos. 

Também não faz sentido, na visão do executivo, assumir que todos os emergentes têm baixíssimos níveis de industrialização. 

“Um rápido olhar para a avançada indústria aeroespacial do Brasil, a liderança de Taiwan em semicondutores, ou as cadeias de suprimento de alta tecnologia da Polônia desfazem essa noção.”

Em relação à instabilidade macroeconômica e inflação, o UBS nota que a maioria dos emergentes aprendeu com os erros do passado e passou a levar a independência dos bancos centrais e a responsabilidade fiscal mais a sério (pelo menos em termos relativos).

Como evidência, o banco cita a taxa mediana de inflação dos 24 países que compõem o índice MSCI de Mercados Emergentes, que ficou pouco acima de 3% em 2024.

Por fim, Czerwonko lembra que a incerteza política – uma “característica marcante dos mercados emergentes” – hoje está presente em todas as geografias.

Um campo em que as diferenças entre esses países continuam significativas é o mercado de capitais – que ainda é menos sofisticado e, por isso, mais volátil nos emergentes. 

Segundo o UBS, cada país emergente representa, em média, apenas 0,12% da capitalização do mercado acionário global – o maior deles, a China, responde por 3,1%.

Ainda assim, Czerwonko acredita que os investidores deveriam considerar os dois mercados em seus portfólios, “para estarem mais bem preparados para um mundo em transformação”. 

No curto prazo, o UBS tem uma visão positiva sobre as ações de tecnologia da China devido ao crescimento de lucros e à expansão da inteligência artificial. 

O banco também vê bons fundamentos macro no Brasil e na Índia e, por isso, acredita que as bolsas desses países vão se valorizar. 

Na renda fixa, o banco recomenda títulos em dólares: apesar de os spreads estarem apertados, o carry de cerca de 7% continua atrativo em termos históricos.