GAVIÃO PEIXOTO — A Embraer quer se tornar um parceiro do governo dos Estados Unidos na área de defesa, penetrando nesse mercado com seu cargueiro C-390, que entrou em operação em 2019 e ainda tem só seis aviões no ar.
Para isso, a companhia está aumentando sua estrutura no país, com mais funcionários, e avalia inclusive um M&A que possa ajudar no processo.
A afirmação foi feita pelo head de defesa da Embraer, João Bosco da Costa Jr., durante um evento com jornalistas hoje na fábrica de defesa da empresa.
“Temos uma estratégia desenhada para penetrar os EUA. Estamos muito agressivos em várias frentes lá. Aumentamos nossa equipe, estamos explorando M&As,” disse João. “Queremos nos tornar um parceiro do Governo americano porque achamos que o C-390 pode ter um papel importante no mercado americano.”
João disse ao Brazil Journal que um M&A nos EUA seria fundamental porque o governo americano não fecha contratos de defesa com empresas que não sejam americanas. A Embraer tem avaliado companhias do setor de aviação que vão desde fabricantes de peças até empresas de sistemas.
O executivo também disse que a Embraer está com diversas negociações abertas para a venda do C-390. Segundo ele, a companhia está em conversas avançadas com as forças aéreas da Índia para a compra de 40 a 80 aeronaves, já que o país está fazendo uma concorrência para trocar seus aviões AN-32.
Há ainda conversas em estágio mais inicial com a Arábia Saudita, que deve comprar 19 cargueiros também para renovar sua frota, assim como com outros cinco países da Europa, incluindo a Suíça.
As decisões de Índia e Arabia Saudita devem ser tomadas em dois a quatro anos, segundo o executivo.
Hoje, a Embraer tem 6 aeronaves C-390 entregues (5 para o Brasil e 1 para Portugal), e pedidos firmes para mais 31 aeronaves que serão entregues nos próximos anos para o Brasil, Portugal, Hungria, República Tcheca, Áustria e Holanda. Há ainda um pedido firme da Coréia do Sul, cujos números não foram divulgados.
Segundo João, o mercado endereçável para o C-390 nos próximos 20 anos é de 490 aeronaves, o que daria um mercado de US$ 60 bilhões considerando o valor médio de listagem.
“E estamos sendo conservadores nessa conta, usando apenas a substituição de plataformas já existentes,” disse o executivo, acrescentando que o breakeven do desenvolvimento desse avião virá com a venda de 120 aeronaves.
João disse que a Embraer deve fazer mais 4 entregas ainda este ano, e outras 5 no ano que vem. Em 2027, a expectativa é subir a produção para 7 aviões/ano e, em 2030, para 12 aviões/ano.