O C-390 Millenium, o cargueiro militar lançado pela Embraer em 2018, tem ganhado momentum nos últimos anos com a companhia conquistando diversos clientes no setor.

Desde seu lançamento, a Embraer já entregou 9 aeronaves (6 para o Brasil, 2 para Portugal e 1 para a Hungria) e formou um backlog de mais de US$ 2,5 bilhões em pedidos firmes. 

Além desses três países, a Coreia do Sul fechou um pedido firme de três aeronaves em dezembro, e Áustria, Holanda e República Tcheca já sinalizaram que têm a intenção de fazer pedidos que somariam mais de US$ 4 bilhões. 

Outro pedido relevante seria da Índia e da Arábia Saudita, que estão em negociações avançadas com a Embraer — os memorandos de entendimento já foram assinados. 

Para o Santander, o sucesso da aeronave deve continuar, com o C-390 se mantendo como “o produto mais competitivo da categoria pelos próximos 10 a 20 anos.”

Esse tempo é o prazo para que qualquer novo projeto que comece a ser desenvolvido agora passe a ser considerado por algum Governo.

O avião tem uma faixa de preço que varia dependendo da configuração, de US$ 60 milhões a US$ 180 milhões. Para efeitos de sua análise, o Santander considerou um preço médio de US$ 120 milhões. 

Num relatório publicado hoje, o banco estima que o mercado endereçável para o cargueiro pode chegar a US$ 20 bilhões – levando em conta todos os países com cargueiros que já têm 40 anos de uso e precisarão ser trocados em breve, o que dá 260 aeronaves.

Para se ter uma ideia, isso é 8x o tamanho do backlog atual da Embraer no segmento de defesa e segurança. Como é improvável que a Embraer conquiste todos esses clientes, o Santander trabalha com um cenário mais provável de ordens potenciais de cerca de US$ 9 bi. 

O principal concorrente do C-390 é o C130J Super Hercules, produzido pela Lockheed Martin e que ainda domina esse mercado. 

Os analistas Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem acreditam, no entanto, que o C-390 tem diferenciais em relação à concorrência e que seu sucesso tem a ver com a performance ‘high-class’ do produto. 

“Ele usa uma tecnologia estado da arte de aviação; tem uma performance operacional ‘best-in-class’, carregando 29% mais carga e voando 15% mais rápido que aeronaves de transporte de médio porte comparáveis; tem um custo de vida reduzido e acessível, com menos manutenções; e a capacidade de mudar rapidamente as configurações de missões, transformando-se numa unidade aérea de combate a incêndios, um avião de busca e salvamento ou um navio-tanque,” escreveram os analistas. 

A expectativa é que a Embraer faça mais 4 a 5 entregas de aeronaves ainda este ano. 

No segmento de defesa, a companhia também opera com o ‘Super Tucano’, uma aeronave usada para treinamentos de ataques leves, e também vende drones militares e sistemas de segurança. 

“Todo pedido de defesa é meio que um acordo diplomático entre países. Então como a Hungria já está usando um C-390, isso reforça a potencialidade da aeronave para outros países da OTAN. É um processo de construção de credibilidade da aeronave,” disse um analista que cobre o setor.