Cinco anos depois de seu nascimento, a Brazil Conference, que reúne anualmente brasileiros em Harvard, está ganhando um equivalente high tech na Costa Oeste.

A comunidade de estudantes brasileiros está organizando a primeira edição da Brazil at Silicon Valley no campus da Stanford University, perto de São Francisco.

Os apoiadores incluem o empresário Jorge Paulo Lemann; Carlos Brito, o CEO da AB Inbev; o apresentador (e quase presidenciável) Luciano Huck; e Hugo Barra, vice-presidente de realidade virtual do Facebook.

A conferência está programada para os dias 8 e 9 de abril, logo após a Brazil Conference.

“São Francisco é hoje a Florença do século XXI”, diz Rodrigo Xavier, o ex-presidente do Merrill Lynch no Brasil e um dos organizadores do evento. “Tecnologia não é um assunto complementar, é core, é todo um novo jeito de pensar. Me angustia muito ver como o Brasil ainda não parece ter entendido o tamanho dessa mudança”.

Xavier está concluindo uma fellowship em Stanford.

O evento focará em áreas temáticas. As três primeiras são edtech, healthtech e govtech, áreas em que o País tem muito a avançar. Eduardo Mufarej, ex-Tarpon e Somos Educação e fundador do Renova BR, está entre os conselheiros.

Mas haverá também espaço para fintechs – um segmento em que o Brasil já tem algo a mostrar. André Street, fundador da Stone, David Velez, CEO do Nubank, e Stelleo Tolda, que comanda o Mercado Livre no Brasil, estão entre os palestrantes.

A maior parte dos speakers, no entanto, são estrangeiros. A lista inclui Doug Leone, um dos principais sócios da Sequoia Capital – um dos maiores fundos de venture capital do mundo, e que investiu em empresas como Google, Yahoo, Linkedin e Paypal quando ainda estavam em estágios iniciais.

Micky Malta, fundador da Ribbit Capital, um VC especializado em fintechs; e Zac Bookman, CEO da plataforma OpenGov, também estão entre os nomes confirmados.

Mais do que uma conferência, a ideia é criar um ecossistema que reduza as distâncias entre o Brasil e o Vale do Silício, trazendo temas, discussões e conexões que se apliquem à vida prática do País – evitando a armadilha de se encarar a tecnologia como um fim em si mesma.

“Nossa principal preocupação é garantir que o evento não seja apenas dois dias de inspiração, mas que de fato faça diferença na vida de empreendedores, investidores, empresários, acadêmicos e gestores públicos que concordam que inovação e tecnologia são fundamentais para o desenvolvimento do Brasil”, diz Ana Paula Pereira, co-presidente do evento e estudante do mestrado em Educação em Stanford.

A primeira edição da Brazil at Silicon Valley será aberta apenas para convidados (cerca de 400 pessoas). A Brazil Conference, que começou neste modelo, hoje já vende ingressos aos interessados.

“É um privilégio estar aqui”, diz Xavier. “Temos que dividir essa oportunidade.”